JESUS CRISTO
DEUS ENTRE NÓS
DEUS CONNOSCO
O MELHOR DE TUDO
”O melhor de
tudo é crer em Cristo” (Luís
de Camões)
Este é o meu tema preferido. O tema central em torno do qual tudo gira.
A essência da minha mundivisão e da minha cosmovisão. É a partir d’Ele que
eu me vejo e que eu me entendo.
Melhor dizendo não é um tema, nem o tema. Jesus é a Pessoa por excelência.
Jesus Cristo é Deus entre nós, é Deus connosco. Conhecer a Jesus é conhecer
Deus. Ouvir Jesus é ouvir Deus. Obedecer a Jesus é obedecer a Deus. Jesus é a
mensagem.
Jesus Cristo é o meu absoluto, o meu tudo. Todo o sentido, razão de
ser, propósito e desígnio estão centrados n’Ele. Percebo que a vida não é
apenas tempo nem apenas matéria, que as minhas origens estão muito para além
do acaso e da energia, por causa d’Ele. Para mim Jesus é muito mais do que
Mestre ou do que um Modelo e Exemplo de vida. Mais do que o Mestre, o Modelo e o
Exemplo, Ele é o Salvador, o que me tirou e tira de uma vida sem sentido, vazia
e condenada à morte. Ele é a fonte da minha esperança. Acredito n’Ele com
os olhos abertos e com os olhos fechados. Ele abriu e abre a minha mente muito
para além do que eu podia pensar por mim mesmo. Ele dilata os meus horizontes
muito para além do que eu poderia ver. Ele expande o meu coração muito para
além do que eu podia alcançar através do meu próprio esforço. Ele leva-me a
sentir muito mais do que eu seria capaz de sentir contando apenas com a minha
capacidade.
Perante Ele não é possível manter a ideia de que a vida é um absurdo,
um acidente, produto do acaso, uma viagem do nada para o nada, sob o signo da
morte, porque Ele mesmo a Si mesmo se apresentou como a vida. Em Jesus temos a
exaltação da vida. Ele é a vida. Ele veio para que tenhamos vida e vida com
abundância. Ele é o pão da vida e a água viva que alimenta o esfomeado e
mata a sede do sedento. A vida que Ele é e dá, não se restringe ao tempo, é
eterna porque é Deus.
Fico a pensar no que seria a vida, o que seria o mundo, o que seria a
História se Ele não tivesse vindo, e tenho a nítida impressão de como tudo
seria muito mais escuro. Estamos longe de viver no Paraíso, mas com Jesus as
coisas mudaram muito e para melhor. Apesar de todos os desvios e atropelos,
apesar de todas as distorções e perversidades, apesar de tudo o que fizeram de
ruim invocando o Seu nome, ainda assim a História foi empurrada muito para cima
com a Sua presença entre nós. Há muito joio no meio do trigo, como Ele mesmo
avisou. O inimigo fez isso, mas em breve virá o dia em que o joio será
arrancado por quem sabe do assunto, e com Ele estaremos definitivamente em novos
céus e nova terra em que a justiça habitará para sempre. Não estamos no Paraíso,
mas com Jesus estamos a caminho dele.
Jesus não é apenas o modelo para a nossa vida, não nos ensina apenas a
viver, não nos dá apenas a vida, Ele é a própria vida.
Como eu gostaria de ter a capacidade de apresentar Jesus como Ele deve
ser apresentado. Como eu gostaria de dominar a palavra de modo a que ela
ressaltasse toda a beleza que n’Ele reside. Mas já aprendi, há muito tempo,
que ninguém nunca dirá a respeito de Jesus mais ou melhor do que Ele próprio
falou de Si mesmo. Nunca a respeito de alguém se escreveu tanto como acerca de
Jesus e, no entanto, Ele continua inesgotável. O mais que se possa dizer nunca
sobrepujará o que Ele disse. A Sua pessoa continua a alimentar a veia dos
artistas, dos pintores, dos músicos, dos escritores, dos poetas, dos filósofos.
Mesmo os que O negam ou pretendem distorcer a Sua imagem, ainda assim precisam
d’Ele para alimentar a sua reflexão e o seu cepticismo face à vida. Acabam
por negar-se a si mesmos porque não têm outra alternativa a oferecer que não
a morte, o nada, o vazio, o efémero, a frustração. Não têm nada, nem ninguém,
para oferecer como alternativa a Jesus Cristo – o Salvador e o Senhor da
humanidade.
A minha maior frustração reside em não ter a coragem e a ousadia
suficientes para importunar todas a pessoas à minha volta com a pessoa de
Jesus. Tenho a perfeita noção de que não falei d’Ele tanto quanto devia,
que fico muito mais calado do que seria desejável, que me falta a sabedoria
para colocá-lO diante do olhar do homem de hoje tão intoxicado pela ilusão do
efémero, do passageiro e do descartável. Como lamento que não vejamos à
nossa volta mais fome do autêntico, do genuíno – de Jesus. Infelizmente a
nossa cultura acomodou-se à ausência de sentido e de propósito eternos.
Estamos rodeados de uma cultura que privilegia o imediato, o passageiro, o efémero,
o temporal, o material e não o espiritual e o eterno.
Levar cada pessoa a Jesus é o privilégio de cada um dos Seus
seguidores. O cristão vive para isso, porque ele sabe que é disso que todas as
pessoas, antes de tudo, mais necessitam. Daí a razão de Camões, quando
escreveu no seu soneto: “O melhor de tudo é crer
Lidando todos os dias com adolescentes e jovens frutos desta cultura do
vazio, como é notória a necessidade de uma referência viva que ensine, que
estimule, que promova, que alimente uma identidade adequada do ser humano, que
oriente os objectivos supremos da vida, que estabeleça a dignidade da existência
e da essência humana, que fundamente princípios e valores morais e éticos,
que ensine a gostar da vida, que forneça uma verdadeira e sadia auto-estima.
É lamentável que na escola se estude tanto sobre cientistas, filósofos,
escritores, romancistas, poetas, artistas, pintores, escultores, arquitectos, músicos,
bailarinos, cantores, políticos, economistas e não se considere de um modo
atento a pessoa e o ensino da figura incontornável, insubstituível e
inultrapassável, suprema, única e exclusiva de Jesus Cristo – O SENHOR DO
UNIVERSO E DA HISTÓRIA!
Diante do fracasso humano, face aos comportamentos desviantes, perante as
disfunções dos indivíduos e das famílias, no confronto com as múltiplas
dependências que fazem do homem um farrapo, é urgente voltar a acreditar
Para isso precisamos deixar de lado o Jesus religioso, e acolhermos o
Jesus dos evangelhos e da história, que andou entre as pessoas, que conversou
com os indigentes, que denunciou o egoísmo e a injustiça, que convocou ao
arrependimento e à conversão. Precisamos conhecer Jesus tal como Ele se nos
apresenta, tal e qual Ele foi crido pelos Seus discípulos. Temos que olhar para
Jesus segundo os Seus próprios olhos, segundo as Suas próprias declarações e
reivindicações acerca de Si mesmo. Sem a ajuda do Pai, do próprio Jesus e do
Espírito Santo não saberemos de verdade quem Ele é. Precisamos ouvi-Lo uma
vez mais. Meditar nos Seus ensinos. Sermos interpelados pelos Seus desafios.
Incomodados pela Sua vida para vivermos a partir d’Ele e n’Ele. Aprender a
amar. Aprender a perdoar. Aprender a servir.
Quando precisamos tanto de sentido e propósito, de amor e de perdão, de
verdade e justiça, não há outro que nos possa salvar do pântano em que nos
encontramos, que nos seja caminho, verdade e vida.
Ele é o Mestre da Inteligência Espiritual, fundamento essencial da
inteligência cognitiva e emocional. A inteligência que nos abre as portas do
espiritual, que nos permite enxergar no coração e na mente de Deus, que nos
permite entender o plano e o propósito do Criador a nosso respeito, que nos
permite perceber a razão e o sentido da nossa própria vida, que nos leva a
considerar o nosso real valor e dignidade como seres humanos criados à imagem e
semelhança de Deus, que nos leva para lá da matéria e da energia, que nos
conduz ao âmago da vida e da essência do ser. Ele mostra-nos as nossas
origens, esclarece-nos sobre o que de errado aconteceu e acontece para que
estejamos no ponto em que nos encontramos. Ele é a possibilidade de uma
reviravolta no processo – podemos mudar de vida! Ele é a esperança da glória.
Ele é a graça no meio da desgraça. Ele é a vida face à morte. Ele é o perdão
diante da culpa. Ele é a absolvição perante a condenação.
Toda a vida de Paulo estava concentrada em levar o maior número de
homens e mulheres a compreender o mistério de Deus – Cristo, como escreve aos
colossenses: “Gostaria, pois, que saibais quão grande luta venho mantendo por vós,
pelos laodicenses e por quantos não me viram face a face; para que os seus corações
sejam confortados, vinculados juntamente em amor, e tenham toda riqueza da forte
convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus,
Cristo, em quem todos os tesouros de sabedoria e do conhecimento estão ocultos.
(…) porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.” (Colossenses
2:1-5,9 – JFA) Ainda a estes cristãos Paulo dá a revelação do propósito
divino: “E o plano de Deus é que
Cristo habite em vós, dando-vos a esperança da glória divina.” (Colossenses
1:27b – Boa Nova). E quando escreve aos coríntios diz: “Mas
vós sois dele,
HISTORICIDADE
DOS RELATOS BÍBLICOS
Como cristãos evangélicos aceitamos a
fidedignidade histórica dos registos a respeito da pessoa de Jesus que
encontramos nos Evangelhos. Existem hoje em dia muitos tratados que nos mostram
as evidências, tanto internas como externas, acerca destes registos. Para quem
quer efectivamente certificar-se acerca da validade dos textos que nos são
apresentados temos hoje uma vasta bibliografia, mas também não é menos certo
de que quem não aceitar a singeleza da afirmação dos escritores bíblicos
hoje em dia pode atolar-se em mil e uma opiniões e querelas que são
alimentadas e alimentam o cepticismo. No fim cada um encontra o que anda à
procura. Eu já decidi que fico com o Jesus da Bíblia toda que é o Jesus da
história. Até porque tirar Jesus à Bíblia é ficar sem Bíblia. Tirar Jesus
à História é ficar sem Jesus e, pior do que isso, é ficar sem esperança em
relação à História.
Para este trabalho interessa-nos sobretudo salientar o testemunho interno
dos documentos bíblicos. Cada um pode assumir a posição que muito bem
entender perante esta assunto central relativamente ao nosso conhecimento acerca
de Jesus. De uma coisa nós temos a certeza, Deus sabe o que move o coração do
homem quando ele rejeita as evidências contidas nos relatos que os escritores bíblicos
nos deixaram. Se essas pessoas fossem em tudo coerentes com a posição assumida
relativamente aos evangelhos, viveriam num autêntico inferno de constante dúvida
a respeito de tudo e de todos.
O conhecimento que nos é dado é, para
alguns, um conhecimento em primeira-mão, porque eles mesmos foram testemunhas
oculares dos acontecimentos, para outros é um conhecimento obtido a partir do
testemunho daqueles que os presenciaram e deles participaram. Em qualquer um dos
casos é sempre um testemunho em que avulta a inspiração do Espírito Santo
que dá garantia da fidelidade do que nos é relatado. Lucas, o terceiro
evangelho, é disso um notável exemplo: “Visto
que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre
nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram
testemunhas oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver
investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo
Teófilo, escrever-te uma narração em ordem, para que conheças plenamente a
verdade das coisas em que foste instruído.” (Lucas 1:1-4 – JFA). Este texto é riquíssimo na exposição metodológica
que nos faz acerca dos cuidados tidos na recolha da informação e na forma como
ela foi tratada. Para quem não quer aceitar a identidade divina de Cristo,
certamente que existirão sempre argumentos à mão de semear, para brandir
contra a veracidade dos relatos, mas não é necessário ser crédulo ou cego
para acolher as narrativas dos evangelhos. Consideramos que a informação é
suficientemente fidedigna para que nela possamos depositar a nossa confiança. Não
admitir a credibilidade dos textos neotestamentários, é colocar uma premissa
que inviabiliza uma parte substancial do nosso conhecimento histórico a
respeito do que quer que seja. Não cremos contra a razão mas a favor dela. A
razão é levada a crer. Mantemos o nosso princípio de uma fé que pensa e de
uma razão que crê. Razão e coração de mãos dadas com a revelação na História
de Jesus que se prolonga pela nossa própria história pessoal n’Ele, por Ele
e para Ele.
Nas epístolas encontramos um outro testemunho digno de nota que nos é
dado pelo apóstolo Pedro, e que corrobora tudo o que encontramos nos demais
escritos, até porque encontramos uma notável harmonia e coerência em todos os
evangelhos apesar de termos três escritores distintos, com um único propósito,
mas escrevendo para um público claramente distinto. “Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer
o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fôramos testemunhas
oculares da sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória,
quando pela Glória Magnífica lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu
Filho amado, em quem me comprazo; e essa voz, dirigida do céu, ouvimo-la nós
mesmos, estando com ele no monte santo. E temos ainda mais firme a palavra profética
à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar
escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações;
sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular
interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens,
mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo. (2
Pedro 1:16-21 – JFA).
Atentemos ainda no que o apóstolo João declara na sua primeira carta: “O
que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o
que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida (pois
a vida foi manifestada, e nós a temos visto, e dela testificamos, e vos
anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e a nós foi manifestada); sim,
o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que vós também tenhais comunhão
connosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. Estas
coisas vos escrevemos, para que o nosso gozo seja completo. E esta é a mensagem
que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e nele não há trevas
nenhumas.”
(1 João 1:1-5 – JFA).
Parece que o discípulo amado está a escrever para a nossa geração, com
toda a sua carga de exigência de evidências científicas. Os termos usados são
extremamente fortes e manifestam a constatação dos factos de forma pessoal,
directa e objectiva.
A Bíblia assegura-nos que diz a verdade. Muitos dos escritores pagaram
com a própria vida a verdade de que falaram e escreveram. Não se tornaram
famosos, estrelas de cinema, milionários, aclamados, rodeados de mordomias,
investidos de poder económico e político, isentos de problemas e dificuldades.
Antes bem pelo contrário. Foram perseguidos, maltratados, rejeitados,
torturados e muitos enfrentaram a própria morte. Desta forma deram-nos uma das
maiores evidências acerca do que testemunharam.
Finalmente a experiência decorrente da aceitação de Jesus Cristo e do
Seu evangelho, reforça em absoluto a convicção acerca da verdade histórica
relatada, porque o que aconteceu é o que acontece. Com Jesus inicia-se uma nova
vida. Quem tem um encontro pessoal com Jesus, quem passa pela experiência do
novo nascimento, quem conhece a Cristo de forma pessoal, sabe em quem crê e está
disposto a dar a própria vida pelo que acredita. Não mata, está disposto a
morrer. Trata-se não de intolerância, mas de certeza. A verdade objectiva dos
factos históricos entrelaça-se com a verdade subjectiva da experiência
pessoal e da verdade objectiva dos resultados vividos aqui e agora, para lá da
esperança única que nos anima a caminho da glória eterna.
REVELAÇÃO
PESSOAL DE DEUS
É Ele que nos revela pessoalmente Deus o Pai.
Sei de certeza absoluta que Deus existe por causa d’Ele. Diante da sua pessoa
não tenho dúvida alguma de que Deus existe. É Ele que me mostra o rosto do
Pai. É por Ele que sei quem Deus é e o que Deus quer. “Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigénito, que está no seio do
Pai, é quem o revelou.” (João 1:18 – JFA). A Bíblia é clara sobre a
inacessibilidade de Deus aos sentidos humanos, conforme Paulo escreve ao seu
discípulo Timóteo: “o único que
possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais
viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amem.” (1 Timóteo
6:16 – JFA). E como o próprio Deus declarou a Moisés no Antigo Testamento,
quando este pediu para ver a Sua glória: “Não
me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.”
(Êxodo 33:20 – JFA). Aquele que não podemos ver, Aquele que é invisível
para a nossa presente condição pecaminosa, Aquele que nos foi encoberto e
oculto por causa do nosso pecado, esse tornou-se visível, palpável para nós
Sabemos quem Deus é quando conhecemos a Jesus Cristo, Ele nos revela de
forma tangível a Sua pessoa: “E o
Verbo se fez carne, e habitou ente nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a
sua glória, glória como do unigénito do Pai.” (João 1:14 – JFA). A
santidade de Deus vê-se
Deus sempre se deu a conhecer à humanidade, mas agora Ele o faz de forma
pessoal e directa: “Havendo Deus,
outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
nestes últimos dias nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de todas as
coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e
a expressão exacta do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita
da Majestade nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos, quanto
herdou mais excelente nome do que eles.” (Hebreus 1:1-4 – JFA).
A visibilidade de Deus em Cristo é o tema por excelência do Novo
Testamento. O apóstolo João na sua primeira carta é extremamente preciso e
tocante nos termos que usa em relação à presença de Deus entre nós: “Escrevemos
acerca daquele que é a Palavra da vida, que já existia no princípio de tudo.
Nós, que o ouvimos e vimos com os nossos próprios olhos, também o contemplámos
e lhe tocámos com as nossas mãos. A vida deu-se a conhecer e nós vimo-la.
Falamos dela e vo-la anunciamos. É a vida eterna que estava com o Pai e que nos
apareceu. O que nós vimos e ouvimos vos anunciamos agora para que estejam também
unidos a nós. Na verdade, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho
Jesus Cristo. Escrevemo-vos isto para que a nossa alegria seja perfeita.” (1
João 1:1-4 – JFA). Deus audível. Deus visível. Deus palpável. Deus comunicável.
Deus que nos une e nos põe
É em torno desta revelação que se move a vida do apóstolo Paulo: “Mas,
se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está
encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos,
para que lhe não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual
é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos mas a Cristo Jesus
como Senhor, e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus
que disse: De trevas resplandecerá luz -, ele mesmo resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.” (2
Coríntios 4:3-6 – JFA).
Hoje o pluralismo religioso pretende convencer-nos de que Deus tem muitos
nomes e rostos, personalidade e carácter distintos, até opostos e contraditórios.
Respeitando todas e cada uma das confissões religiosas, não afinamos
decididamente por esse diapasão. Existem ideias de Deus perfeitamente execráveis.
Sou profundamente ateu em relação a muitas ideias acerca de Deus. Só conheço
um, entre nós, a quem posso efectivamente confessar como Deus. Não é
descoberta minha, é apenas a aceitação de todo o peso de evidência que está
por detrás da Sua pessoa singular. Aceite ou não, reconhecido ou não, as Suas
declarações continuarão aí e ninguém as pode apagar, como ninguém pode
ofuscar a luz do Sol ou escondê-lo.
A existência e a essência de Deus não é uma questão de opinião
pessoal ou particular, cultural, filosófica ou religiosa. A existência e a essência
de Deus é, antes de tudo o mais, uma questão de revelação e de revelação
pessoal, para lá de hoje ela se nos apresentar de forma escrita. Pessoal
Jesus disse-o claramente aos discípulos e entre
eles a Filipe quando pediu para que lhe mostrasse o Pai: “Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai.
Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo
estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai; como
dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em
mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai que
permanece em mim faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim;
crede ao menos por causa das mesmas obras.” (João 14:7-11 – JFA).
Hoje como ontem, mesmo visível, muitos não
querem crer, não porque não tenham as evidências necessárias, mas porque não
querem. E quando não se quer, nada é suficiente. “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim,
jamais terá fome; e o que crê em mim, jamais terá sede. Porém, eu já vos
disse que, embora me tenhais visto, não credes.” (João 6:35,36 – JFA).
Não basta acreditar em Deus, precisamos estar cientes do Deus em que
efectivamente acreditamos. Jesus Cristo veio até nós declarando-se como Deus.
Nada n’Ele faz sentido se negamos a Sua divindade.
O modo como entendemos Deus está muito relacionado com a forma como
vivemos, como agimos e reagimos, com o projecto de vida que abraçamos. Existem
muitas vezes incongruências, desajustamentos, hipocrisias. Mas, de uma ou outra
forma, contemplar Deus na pessoa de Jesus Cristo, e responder afirmativamente ao
Seu desafio, transforma-nos. Somos transformados por Ele na medida
Jesus conhece-se no relacionamento pessoal. Cristianismo é antes de tudo
o mais relação com Deus através da pessoa de Cristo. É nessa e por essa relação
que somos mudados, que Deus se torna real na nossa vida, que a esperança nos
toma, que o amor nos inunda, que o perdão nos alcança, que o Criador nos serve
a vida eterna.
REVELADO
PELO ESPÍRITO
O Espírito Santo foi-nos concedido para nos dar a conhecer a pessoa de
Jesus. Há uma dimensão histórica, factual que de alguma maneira a nossa razão
pode alcançar, perceber e entender, mas a percepção, a convicção da
identidade divina de Jesus depende da nossa abertura e dependência da iluminação
do Espírito Santo no nosso homem interior. É Ele que abre os nossos olhos para
percebermos, efectivamente, quem Jesus é. “Quando
vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não
falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as
coisas que hão de vir. Ele me glorificará porque há de receber do que é meu,
e vo-lo há de anunciar.” (João 16:13,14 – JFA).
Esta é uma acção concertada com o Pai. Quando a uma pergunta de Jesus,
Pedro respondeu acerca da verdadeira identidade e natureza de Jesus, Ele
declarou que essa conclusão não era natural mas espiritual, sobrenatural,
resultado da revelação do Pai. “Mas vós,
continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo. Então Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão
Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está
nos céus.” (Mateus 16:15-17 – JFA).
Deus sabe quem nós somos, conhece a
atitude dos nossos corações, discerne de modo rigoroso e preciso qual a nossa
predisposição face a Jesus Cristo. Neste sentido Ele esclarece-nos ou mantém-nos
obscurecidos. Ele sabe se queremos ou não conhecer. A todos quantos O buscam,
de todo o seu coração, Deus se dá a conhecer. À luz deste facto não nos
admira que alguns se mantenham cépticos e até se entretenham a distorcer a Sua
figura. A tendência não é nova. Ela já estava presente entre os contemporâneos
de Cristo. O coração do homem revela-se diante da postura que assume perante a
pessoa e o ensino de Jesus. Ele não obrigou ninguém a recebê-lO e a aceitá-lO,
embora tenha alertado para as consequências presentes e eternas que daí advêm.
É nesta linha de pensamento que se entendem bem as palavras de Jesus, citando o
que já estava anteriormente profetizado: “Disse-lhes então Jesus:
Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz,
para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para
onde vai. Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da
luz. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles. E embora
tivesse operado tantos sinais diante deles, não criam nele; para que se
cumprisse a palavra do profeta Isaías: Senhor, quem creu em nossa pregação? e
a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, porque, como
disse ainda Isaías: Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que
não vejam com os olhos e entendam com o coração, e se convertam, e eu os
cure. Estas coisas disse Isaías, porque viu a sua glória, e dele falou.
Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele; mas por causa dos
fariseus não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram
mais a glória dos homens do que a glória de Deus.”
(João 1235-43 – JFA).
O centurião Cornélio, a quem Deus enviou Pedro com o intuito de
partilhar com ele a pessoa de Jesus Cristo, é um exemplo da forma como Deus se
revela a todos quantos estão receptivos, na sua razão e coração, a conhecê-lO:
“O centurião Cornélio, homem recto e
temente a Deus, e tendo bom testemunho de toda a nação judaica, foi instruído
por um santo anjo para chamar-te a sua casa e ouvir as tuas palavras.” (Actos
10:22 – JFA).
Da mesma forma aconteceu com o etíope eunuco, mordomo-mor da rainha de
Candace, quando regressava a sua casa depois das celebrações em Jerusalém, e
ao qual Deus enviou o Seu servo Filipe. “Um
anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para a banda do sul, no
caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e
foi. Eis que um etíope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, o
qual era superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar em Jerusalém,
estava de volta, e, assentado no seu carro, vinha lendo o profeta Isaías. Então
disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro, e acompanha-o. Correndo
Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías, e perguntou: Compreendes o que vens
lendo? Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar? E
convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele.” (Actos 8:26-31 JFA).
Também Paulo de Tarso acaba por ser um exemplo desta actuação divina,
quando respirando ameaças e afrontas, perseguição e morte contra os cristãos,
foi surpreendido por Jesus Cristo na estrada de Damasco. “Saulo,
respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao
sumo sacerdote, e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que,
caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse
presos a Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco,
subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma
voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és
tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas,
levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer.” (Actos
9:1-6 – JFA)
Jesus Cristo deu a entender de uma forma
muito clara que o Pai é o responsável por todos aqueles que a Ele se dirigiam,
e que a todos esses Ele acolhia e guardava. Não que Deus faça acepção de
pessoas, mas porque Deus sabe efectivamente quais são aqueles que estão disponíveis
para serem recebidos e acolhidos: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a
mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para
fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do que
me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que
eu o ressuscite no último dia. Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo
aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no
último dia.” (João 6:37-40 – JFA).
Várias são as razões que levam os homens a não reconhecerem a
divindade de Jesus Cristo. O próprio Jesus declarou aos seus contemporâneos
que todos os que querem fazer a vontade de Deus recebem-nO e acolhem o Seu
ensino: “Quem é de Deus ouve as
palavras de Deus; por isso não me dais ouvidos, porque não sois de Deus.” (João
8:47 – JFA). Outra razão da incredulidade das pessoas, reside no facto de que
elas estão mais interessadas na aprovação dos homens do que na aprovação de
Deus: “Como podeis crer, vós os que
aceitais glória uns dos outros, e contudo não procurais a glória que vem do
Deus único?” (João 5:44 – JFA).
João é bem explícito quando na sua primeira carta afirma:
“Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não
nos ouve. assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do
erro.” (1 João 4:6 – JFA).
EXISTENTE
ANTES DE NASCER
A pré-existência de Jesus Cristo era um assunto
difícil de engolir pelos seus contemporâneos e conterrâneos que conheciam a
sua genealogia humana, sabiam quem era a sua mãe e o seu pai adoptivo, bem como
os seus irmãos. Hoje a situação não se alterou. Existem muitas pessoas para
quem a pé-existência de Jesus Cristo é uma impossibilidade dentro dos limites
que se auto-impõem pelo naturalismo e pelo materialismo. Para eles trata-se de
uma impossibilidade, porque apenas admitem como possível o que sabem e o que
conhecem. Não estão disponíveis a ir mais longe.
Algumas pessoas ainda admitem que Ele possa ser um extraterrestre originário
de uma outra civilização. Acredita-se em extraterrestres, mas não se acredita
na reivindicação do próprio Cristo que já existia antes de nascer e veio das
alturas. A razão é simples e reside na Sua divindade. Aceita-se uma outra
civilização extraterrestre, mas não se reconhece Deus e a Sua criação angélica.
É que Deus coloca-nos perante a nossa responsabilidade espiritual e moral,
coloca-nos na condição de criaturas, leva-nos à adoração e o pecado humano
não suporta isso. O pecado é precisamente o oposto. O homem quer uma solução
técnica e não arrependimento e conversão.
Jesus não apenas insinuou, mas foi peremptório relativamente à Sua
existência anterior à Sua manifestação terrena. “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo
que antes que Abraão existisse, eu sou.” (João 8.58 – JFA). Antes disso já João Baptista, o seu percursor o
referira: “Após mim vem um varão que
tem a primazia, porque já existia antes de mim.” (João 1:30 – JFA).
Ele é desde a eternidade e por toda a eternidade como Deus, com o Pai e
o Espírito Santo. Esta é a revelação que perpassa particularmente por todo o
Novo Testamento. No último livro da Bíblia Ele se nos apresenta como o
Primeiro e o Último, o Alfa e o Ómega: “Eu
sou o Alfa e o Ómega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há-de
vir, o Todo-Poderoso.” (Apocalipse 1:8); “eu
sou o primeiro e o último” (Apocalipse 1:17b – JFA); “Eu
sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim.” (Apocalipse 21:6 – JFA).
N’Ele toda a História encontra o seu sentido e razão de ser.
Tudo na vida de Jesus concorre no sentido de percebermos e acolhermos a
verdade central da Sua essência divina, embora na forma humana, de modo a que
nos fosse possível alcançá-la. Em Jesus o Deus eterno veio ao nosso encontro.
O
CRIADOR QUE SE FEZ CRIATURA
Jesus é-nos apresentado no evangelho de
João como o Criador. Nada do que foi criado o foi sem Ele. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e
o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram
feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava
a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas
não prevaleceram contra ela.” (João 1.1-5 – JFA).
Paulo fala disto mesmo quando se dirige por carta aos cristãos em Colossos:
“dando graças ao Pai que vos fez idóneos
para participar da herança dos santos na luz, e que nos tirou do poder das
trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado; em quem temos a redenção,
a saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogénito
de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na
terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes
de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas; também ele é a cabeça
do corpo, da igreja; é o princípio, o primogénito dentre os mortos, para que
em tudo tenha a preeminência, porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a
plenitude, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra
como as que estão nos céus.” (Colossenses 1:12-20 – JFA).
Obviamente que entre toda a criação se destaca
a pessoa humana que o texto bíblico declara foi criado à imagem e semelhança
de Deus. Esta é a nossa identidade. Deus não nos criou segundo um modelo de
segunda mão, ou seja segundo uma outra obra Sua. Nós fomos criados segundo a
imagem e semelhança do próprio Criador. Fomos criados a partir do “modelo
original”. Fomos concebidos a partir da imagem e semelhança do próprio Deus,
não podíamos exigir mais do que isso, porque não há ninguém acima de Deus
– Ele é o supremo, o único. Somos “parecidos” com Deus. O pecado
desfigurou essa semelhança, mas agora por Jesus Cristo aos sermos feitos filhos
de Deus, recebemos espiritualmente da Sua natureza. “Visto
como pelo seu divino poder nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à
vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua
própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e
mui grandes promessas para que por elas vos torneis co-participantes da natureza
divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo, (…).” (2
Pedro 1:3,4).
Mas a história humana está marcada pela corrupção dessa imagem e
semelhança, por causa da desobediência. Jesus Cristo ao encarnar trouxe de
volta a verdadeira imagem e semelhança de Deus, e realizou o que Deus
determinou necessitava ser feito para que o homem pudesse ser filho de Deus.
Como alguém declarou com muita propriedade – Deus se fez homem, para que o
homem pudesse ser filho de Deus.
Olhando para Jesus Cristo não apenas vemos o Deus verdadeiro, como
conhecemos o Homem genuíno.
O debate trava-se hoje em dia mais em torno do modo como viemos a
existir, do que do sentido e da razão para os quais fomos criados. A controvérsia
científica ou filosófica pode ter o seu interesse mas, de uma forma
transversal em toda a Bíblia, o que interessa é que não tenhamos dúvida
alguma que saímos das mãos de Deus, que fomos criados por Ele e para Ele, que
temos a Sua impressão digital no coração, que somos um espírito, temos alma
e habitamos num corpo. Somos pessoas porque fomos criados por Deus à Sua imagem
e semelhança. Temos valor porque somos criação divina. Recusamos
absolutamente o evolucionismo naturalista e materialista, porque ele nos rouba o
que é essencial na nossa identidade. Temos a marca de Deus.
DEUS
NA HISTÓRIA
Deus habitou entre nós. Deus pisou esta
terra. Deus sabe o que é ser criatura. Deus contactou pessoalmente com o
resultado da separação, da rebelião, da arrogância, da soberba, do egoísmo,
numa palavra do pecado. Deus criou e encarnou na dimensão da Sua criação. A
imagem e semelhança que nós somos, Deus a tomou sobre Si. Não temos de que
nos queixar diante de Deus sobre a nossa estatura, a nossa dimensão, a nossa
essência, a nossa existência, a nossa natureza, a nossa vocação. Não
podemos lançar no rosto de Deus que Ele não sabe o que é viver numa casa de pó,
de barro, material, física. “E
o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e
vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.” (João 1.14 – JFA).
Segundo o testemunho de João Baptista Ele é o que veio das alturas e está
acima de todos: “Quem vem das alturas
certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra;
quem veio do céu está acima de todos e testifica o que tem visto e ouvido;
contudo ninguém aceita o seu testemunho. Quem, todavia, lhe aceita o
testemunho, por sua vez certifica que Deus é verdadeiro. Pois o enviado de Deus
fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida. O Pai ama ao
Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos. Por isso quem crê no
Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não
verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (João 3:31-36 –
JFA). É interessante verificar que segundo o texto a aceitação antecipa a
certificação. Quem não quer aceitar nunca vai comprovar.
O próprio Jesus mais tarde o haveria de declarar de forma peremptória: “Vós
sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não
sou. Por isso eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque se não
crerdes que eu sou morrereis nos vossos pecados.” (João 8:23,24 – JFA).
Mas Deus sabe ainda mais, porque Ele
conhece a nossa estrutura decaída, embora nunca tenha pecado. Ele enfrentou a
tentação do Diabo, da potestade do mal e da cultura, da sociedade, do mundo
presente. O Deus encarnado foi tentado como nós o somos, e muito mais do que nós.
“Então
foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo.” (Mateus 4.1 – JFA).
Deus na forma humana viveu na dimensão física as limitações, as
fragilidades, as contingências, as necessidades provocadas pela queda da
humanidade, fruto da desobediência. Ele sabe o que é ter fome e sede, o que é
sentir o cansaço, o que é ser rejeitado, o que é ser condenado injustamente,
o que é a traição, o que é a morte.
Deus sabe o que é passar pelo vale da sombra e da morte.
Deus que em consonância com a Sua natureza santa, amorosa e justa, criou
tudo o que existe e determinou o ambiente de inocência e de liberdade em que
era suposto vivermos, sem tentação, sem o conhecimento do bem e do mal,
envolvidos pela santidade, pelo amor e pela justiça divinas. Deus que
estabeleceu as consequências da transgressão humana, da inimizade contra Deus
e uns com os outros. Esse mesmo Deus chamou a Si a expiação do pecado de toda
a humanidade. Na cruz Ele levou sobre Si as nossas transgressões e iniquidades,
a nossa mentira, o nosso egoísmo, a nossa depravação, a nossa
insensibilidade, o nosso egoísmo, numa palavra, o nosso pecado.
GENEALOGIA
HUMANA
Os evangelistas Mateus e Lucas apresentam-nos a genealogia
humana de Jesus Cristo mostrando-nos a Sua linhagem, as suas raízes humanas.
Dela fazem parte pessoas comuns, algumas delas com um perfil bem pouco recomendável
para fazerem parte dos ancestrais do Deus encarnado. Desde o início e através
de toda a História, Deus foi um Deus de graça, que nos aceita como somos para
fazer de nós o que sempre foi o Seu plano – imagem e semelhança, sendo Seus
filhos.
Por criação somos inevitavelmente criação de Deus. Não há como
escolher. Por iniciativa humana a condição em que nos encontramos é de criação
caída. Mas Deus nos dá a possibilidade de
Ao encarnar Deus aceitou assumir uma linhagem de pessoas decaídas, todas
elas pecadoras e algumas delas sem serem judeus. Nessa linhagem Jesus surge sem
pecado original, vivendo sem pecado, morrendo pelos pecados de toda a humanidade
e ressuscitando em vitória sobre o pecado de modo a que todos os que O recebem
vivam sem mais condenação. De uma forma nítida fica evidente a universalidade
da graça divina.
Para Deus não importa o que fomos, mas o que podemos ser no Seu Filho.
UM
NOME ESPECIAL
O Seu nome, desde o início, indica a Sua missão entre nós – JESUS:
porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados. Ele veio para isso. Somos Seu
povo quando acolhemos a Sua salvação, quando acedemos ao Seu convite, quando
aceitamos o Seu dom, melhor dizendo ainda, quando O aceitamos a Ele mesmo. “Ora, o nascimento de
Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de
se ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo. E como José, seu
esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E,
projectando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo:
José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se
gerou é do Espírito Santo; ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS;
porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mateus 1.18-21 – JFA)
De cada vez que balbuciamos o nome JESUS, de cada vez que o escrevemos ou
o lemos, mesmo que seja da escrita de um ateu ou de um agnóstico, estamos a
tomar contacto com a verdade central da História da salvação: “ele salvará o seu povo dos seus pecados”. Ele é o Salvador! Há
salvação! Há esperança! Não mais a morte, o nada, o acidente, o acaso, o
silêncio do passado e do futuro eternos. Deus existe e veio ao nosso encontro.
Somos filhos pródigos e Jesus veio para nos levar de volta ao Lar.
Foi desta forma que João Baptista o introduziu estabelecendo uma ponte
entre a figura do cordeiro providenciado em lugar de Isaque, o cordeiro da Páscoa
judaica que marca a libertação do cativeiro egípcio e o cordeiro dos sacrifícios
instituídos que prefiguravam o que só Jesus haveria de realizar
definitivamente a favor de todos homens, judeus e gentios, em todos os tempos,
em todas as épocas e em todas as geografias: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João
1:29 – JFA) Em e por Jesus o pecado seria removido. Desde então não temos
que viver sobre o seu domínio e a sua penalidade.
DENUNCIANDO
A ESSÊNCIA DO PECADO
Jesus foi concebido sem pecado. A sua natureza
humana era sem mácula e foi por Ele mantida sem mácula, apesar das inúmeras
investidas no sentido de pressioná-lO a desviar-se da vontade do Pai, do propósito
para o qual havia vindo.
O próprio Jesus diante dos religiosos desafiou-os a encontrarem n’Ele
algum vislumbre pecaminoso. Este repto foi colocado perante peritos em
identificar o pecado dos outros em função da lei de Moisés, bem como dos
costumes e tradições religiosas. “Quem
dentre vós me convence de pecado? Se digo a verdade, por que não me credes?” (João 8.46 – JFA). A parte curiosa é que hoje em
dia e ao longo da história, quem não crê sequer na existência do pecado,
tenta de uma ou de outra forma apontar pecados
O Evangelho narra um confronto com os religiosos, a propósito de uma
mulher apanhada no próprio acto de adultério, e arrastada por estes até
Jesus. O único sem pecado e que poderia condenar a mulher, expôs diante da
consciência dos religiosos legalistas o pecado deles, e encaminhou de volta a
mulher determinando-lhe que não pecasse mais. “Então
os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e
pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante
adultério. Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu,
pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar.
Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Mas, como
insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse-lhes: Aquele dentre vós que está
sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra. E, tornando a inclinar-se,
escrevia na terra. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos
mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali
O que é o pecado senão essa chaga aberta no ser humano, na sua essência,
no seu coração, de desconfiança em relação a Deus, de encarar Deus como
inimigo, de querer ser Deus contra Deus, em oposição a Deus, querendo usurpar
de Deus os princípios segundo os quais o homem foi criado como um ser
espiritual e moral, de perverter o que é a liberdade. O que é o pecado senão
essa inimizade do homem contra Deus, que se volta contra si e contra os outros.
O pecado envenenou toda a existência humana. O pecado que é essa loucura de
querer viver ao contrário do Criador, a revolta do homem contra Quem o criou e
sustentou com todo o amor, carinho e atenção. O pecado que é, em termos
simples, errar o alvo para o qual fomos criados; por oposição à santidade que
é ser separado por Deus para o Seu propósito.
A salvação é Deus revelando-se na História em
toda a Sua santidade, perfeição, amor, justiça e perdão. O pecado
mostrou-nos que Deus tinha razão, que Deus é Deus, que Deus é santo, que Deus
é amor, que Deus é justo. Jamais alguém terá a possibilidade de enganar quem
efectivamente conhece a Deus de modo pessoal. Acreditamos n’Ele aconteça o
que acontecer. Tudo o que acontece pode fortalecer a nossa confiança e dependência
d’Ele. Por isso tudo contribui para o bem daqueles que O amam.
O que eu quero dizer é que, diante de Jesus, nós temos uma clara definição
das verdades espirituais essenciais à nossa vida como é, entre outras, a que
diz respeito ao pecado. Porque sendo homem e sem pecado podia salvar os
pecadores. Como Deus pode levar-nos de volta a Deus.
O pecado é o negativo do que encontramos na personalidade e no carácter
de Jesus. Em Jesus encontramos o Justo, o único Homem sem pecado que viveu
nesta terra.
Consideramos que, antes de tudo o mais, encontramos na humanidade de
Jesus a perfeita intimidade com o Pai e o Espírito Santo, e que é precisamente
o oposto do que o pecado é e representa. Porque o pecado é separação, corte
de relação, oposição. Depois o pecado é errar o alvo do plano e do propósito
para o qual existimos. Em Jesus o ser e a vida vivida estão em absoluta
sintonia. Em último lugar o pecado é transgressão, desobediência, rebeldia.
Em Jesus temos a plenitude da obediência, de uma vida vivida em plena harmonia
com a vontade de Deus.
Como pecadores temos horror à obediência, e por contra-senso somos
escravos do pecado e das potestades do mal. Para Deus,
OUTRO
NOME SINGULAR E EXCLUSIVO
Ele é chamado também de Emanuel – Deus
connosco. Deus nunca foi um Deus longínquo, distante, de costas voltadas para o
homem. “Eis
que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL,
que traduzido é: Deus connosco.” (Mateus 1.23)
Foi o homem que se escondeu de Deus. Foi
Deus que foi no encalço do homem e ao longo de toda a História nunca desistiu
de se revelar e encontrar com cada uma das suas criaturas, até ao ponto em que,
no momento por Ele determinado desde a eternidade, deixou o Seu lugar de glória
e majestade, vestiu-se de carne e andou entre nós como Homem. A nova era será
marcada pela habitação de Deus com todos os que
Mas a partir de Jesus Cristo, Deus não é mais um Deus oculto. Deus
tornou-se visível na medida em que nós O podemos ver. Ele se restringiu
voluntariamente para que nós O pudéssemos tocar.
E Deus se fez connosco, para que hoje esteja
O céu, a eternidade, a nova era, depois do tempo presente dominado pelo
pecado, será marcado pela habitação de Deus com os homens. Como no princípio.
Não mais em conflito entre o bem e o mal, mas fluindo, existindo, movendo-nos
na santidade de Deus.
REIVINDICANDO
IDENTIDADE DIVINA
Pode-se dizer que a questão da identidade divina
de Jesus Cristo domina toda a Sua existência terrena, e que essa identidade
domina tudo o que Ele representa para nós. “Tendo
Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos,
dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Responderam eles: Uns dizem
que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas.
Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? Respondeu-lhe Simão
Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és
tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai,
que está nos céus.” (Mateus
16.13-17 – JFA).
Tudo foi escrito com uma finalidade muito específica, segundo o apóstolo
João no seu evangelho: “Jesus,
na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais
que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida
em seu nome.”
(João 20.30,31 – JFA).
Os milagres são sinais que demonstram a Sua identidade. Nunca ninguém
na História fez o que Ele fez, porque só Ele o poderia fazer. Recusar a Sua
diferença num tempo em que se pretende promover o respeito pelo diferente, é
um contra-senso. Hoje, mais do que nunca, deveríamos estar disponíveis para
acolher Deus, reconhecendo os traços que O identificam connosco na Sua encarnação,
e aceitando o que O distingue de nós e sempre distinguirá na Sua
exclusividade, porque divino e absolutamente perfeito.
Algumas pessoas têm muita dificuldade em aceitar os milagres de que a Bíblia
dá testemunho, mas a dificuldade desaparece quando se admite a existência de
Deus. Se Jesus é quem disse que era, então não há qualquer tipo de
dificuldade face aos sinais que realizou. Aquele que criou tudo o que existe tem
poder para dispor como entende da Sua criação. Os milagres que Jesus realizou
são uma antecipação da realidade do reino de Deus, quando for implantado
plenamente entre nós. A questão de fundo é sempre a disposição do coração
humano em aceitar ou não Deus dispondo-se a sujeitar-se a Ele, conhecendo a Sua
santidade, o Seu amor e a Sua justiça.
Estamos a chegar a um tempo em que o homem há-de constatar que só um
milagre pode reverter toda a situação que o pecado originou, isto é, só Deus
poderá dar lugar a “novos céus e nova terra nos quais habita a justiça” (2 Pedro
3:13b – JFA). Se por um lado o mundo há-de mostrar-se como ingovernável sem
Deus, também a sua restauração só será possível pela intervenção de
Deus. Não fosse essa intervenção só a morte sobraria.
Hoje precisamos buscar o Deus dos milagres. Mesmo face ao desenvolvimento
da ciência e da tecnologia, os milagres nunca poderão ser descartados.
Parece-nos que quanto mais longe o homem conseguir chegar no seu
desenvolvimento, mais se tornará clara a necessidade do milagre por parte de
Deus.
Se por um lado o homem hoje consegue o que era inimaginável há algumas
décadas atrás, também cresce a impressão de que não há possibilidade de
alterar a condição humana de fundo. Cada vez mais parece inculcado no coração
da nossa cultura o determinismo fatalista. Em Jesus o milagre abre-nos
horizontes de esperança que nada pode apagar. Em Jesus o nosso destino é
mudado. Em Jesus o fado muda de tom e de letra. Em Jesus temos vida eterna.
Quantas pessoas não conhecemos que viviam atoladas em profunda desgraça, e que
no conhecimento de Jesus Cristo hoje vivem uma nova vida. É isto que o
agnosticismo e o ateísmo não têm para apresentar.
EU
SOU
Nós hoje
podemos não ter o alcance imediato desta declaração de Jesus a Seu próprio
respeito, mas os judeus sabiam muito bem o que é que Ele estava, não apenas a
insinuar, mas a afirmar peremptoriamente quando se referia a Si mesmo nestes
termos: “Eu
sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê
em mim jamais terá sede.”
(João 6:35 – JFA). “Eu
sou o pão da vida.” (João 6:48 –
JFA). “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá
para sempre; e o pão que eu darei pela vida do
mundo é a minha carne.” (João 6:51 – JFA). “Então Jesus tornou a falar-lhes,
dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue
de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12 –
JFA). “Tornou,
pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu
sou a porta das ovelhas.” (João 10:7 – JFA). “Eu
sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá, e
achará pastagens.” (João 10:9 – JFA). “Eu
sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (João
10:11 – JFA). “Eu
sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem,”
(João 10:14 – JFA). “Declarou-lhe
Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem
crê em mim, ainda que morra, viverá;” (João 11:25 – JFA). “Respondeu-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (João 14:6 – JFA). “Eu
sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor.” (João 15:1
– JFA). “Eu
sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (João 15:5
– JFA).
Quando Moisés perguntou a Deus pelo Seu nome, obteve uma resposta que
esclarece tudo a respeito destes títulos que Jesus assume em relação a si
mesmo: “Então disse Moisés a Deus:
Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais
me enviou a vós; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?
Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos olhos
de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás
aos filhos de Israel: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus
de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é o meu nome eternamente,
e este é o meu memorial de geração em geração.” (Êxodo 3:13-15 –
JFA).
Sem sombra de dúvida Jesus apresenta-se como a própria vida, como o
Criador, como Aquele que sustenta a vida, como o Envidado de Deus, como o Senhor
e como o Salvador. Diante das afirmações categóricas de Jesus a respeito de
Si mesmo, só nos restam três hipóteses, ou é efectivamente quem disse que
era, ou é o maior louco ou o maior mentiroso que já existiu. Toda a vida de
Jesus é uma demonstração contínua da Sua identidade. Tudo o que Ele ensinou
e tudo o que realizou mediante a Sua morte só tem validade se efectivamente Ele
é quem disse ser. A Sua ressurreição como momento culminante deste processo
é a confirmação do que disse, do que ensinou e do que realizou através de
uma morte experimentada no lugar no homem, para que este não tenha que
enfrentar uma eternidade de separação de Deus.
EU SOU – a reivindicação d’Aquele que em Si mesmo é a essência do
Ser, da existência, de tudo o que foi criado. Ele é o Senhor de toda a Criação.
N’ele tudo existe e subsiste. Ele é o Autor da Vida. Ele é a Vida. É por
Ele que vimos à existência e só n’Ele encontramos a verdadeira essência
para a qual fomos criados e sem a qual nunca estaremos satisfeitos. Ele é a
fonte da Vida. Não nos basta como ser humanos a vida física, a vida biológica…
fomos criados para sermos na vida do próprio Deus. Por isso sem Deus, à luz da
Bíblia, estamos mortos e, segundo a mesma revelação, só
INTIMIDADE
E DEPENDÊNCIA ABSOLUTAS DO PAI E DO ESPÍRITO SANTO
Na sua vida Jesus Cristo mostrou-nos como
devemos viver, qual o estilo de vida para o qual fomos criados, qual é o
projecto de vida que devemos prosseguir. “Eu e o Pai somos um.” (João 10.30 – JFA). Da mesma forma Ele pretende
trazer-nos a esta unidade n’Ele. “E
rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão
de crer em mim; para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu
em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste. E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós
somos um; eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim
de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como
me amaste a mim. Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles
que me tens dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me
amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu
te conheço; conheceram que tu me enviaste; e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e
lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e
também eu neles esteja.” (João 17:20-26 – JFA).
O ser antes de tudo o mais. O fazer decorre do ser e demonstra-o. É esta
a essência que verificamos na pessoa de Jesus e é esta mesma realidade que Ele
quer comunicar à vida de todos os que O seguem. A unidade dos cristãos está
O relacionamento e a intimidade com a pessoa do Pai e do Espírito Santo,
e o relacionamento e a unidade dos filhos de Deus fazem parte da mesma
realidade. Família de Deus é o que somos em Cristo.
Não é demais dizer que fomos criados para Deus, que foi essa relação
que o pecado rompeu com todas as consequências de morte e sofrimento que a História
documenta, e que
NASCIDO
PELA INTERVENÇÃO DO ESPIRITO
O nascimento de Jesus é sobrenatural. Ele é
concebido pelo Espírito Santo. Nasce de uma virgem. “Respondeu-lhe o anjo:
Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua
sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.” (Lucas 1.35 – JFA).
Esta é outra das dificuldades que o homem moderno tem em relação à
Pessoa de Jesus Cristo. No entanto ela é intrínseca à Sua essência e
identidade. Sendo quem é, só podia ter vindo a existir como homem pela
intervenção miraculosa do Espírito divino. Num tempo em que se fala de
clonagem e de inseminação artificial, porque razão há-de o homem contemporâneo
considerar como impossível o nascimento virginal de Jesus?
De alguma forma Ele veio para que nós pudéssemos nascer uma segunda
vez, por escolha própria, de Deus. Não escolhemos a Deus como Criador, não
escolhemos os nossos pais biológicos, mas somos colocados perante a decisão de
escolhermos a Deus como Pai e escolhermos ser filhos de Deus, e irmãos uns dos
outros,
IDENTIFICADO
PELA MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO
João Baptista recebera o sinal que identificaria
o Messias: “E João testemunhou
dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o
conhecia; aquele, porém, que me enviou a baptizar com água, me disse: Aquele
sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que baptiza com o Espírito
Santo. Pois eu de facto vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus.” (João
1:32-34 – JFA).
Aquele sobre o qual o Espírito desceu é o que baptiza com o mesmo Espírito.
É esse baptismo do alto que Ele veio proporcionar a todos os que n’Ele crêem.
Submergidos no Espírito, para podermos viver a vida do alto, a vida de Deus. É
no Espírito de Deus que podemos viver a vida cristã. Ele produz em nós um carácter
segundo a Sua natureza e concede-nos a competência para realizarmos no presente
o serviço que deve ser apanágio dos que são filhos de Deus.
Um cristão não é um ser perfeito mas que persegue a perfeição de carácter
com tenacidade, sabendo que a obra que foi começada nele há-se concluir-se com
êxito. “Estou plenamente certo de que
aquele que começou boa obra em vós há-de completá-la até ao dia de Cristo
Jesus.” (Filipenses 1:6 – JFA). O relativismo tão popular hoje em dia,
está a corroer as consciências e os comportamentos. Sem fundamentalismos
terroristas não podemos perder os fundamentos fora dos quais a convivência
humana se desmorona. Existem valores dos quais não podemos abrir mão, e se o
respeito e a tolerância é um valor importante no nosso relacionamento uns com
os outros não podemos ser tolerantes para com a injustiça e a hipocrisia. Os
homens podem escapar à justiça humana, mas não podem escapar à justiça
divina. A justiça humana pode tornar-se injusta e hipócrita, as leis humanas
podem ser arbitrariamente aplicadas, mas a justiça divina não deixará o
culpado impune. A justiça divina já se realizou em Cristo de modo a que todos
os culpados possam mediante Ele ser perdoados e absolvidos.
MISSÃO
CUMPRIDA NO PODER DO ESPÍRITO
Jesus mostrou-nos como é viver sob a
orientação e o poder do Espírito Santo: “Chegando a Nazaré,
onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e
levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o,
achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim,
porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar
libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando
o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga
estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura
aos vossos ouvidos.”
(Lucas 4.16-21 – JFA). Deus não desampara os que se reconhecem diante d’Ele
como pobres, os que reconhecem a sua pobreza espiritual. Não é o poder, a
influência, a projecção social, a capacidade intelectual, o estatuto social
que impressionam a Deus. Não é a elite que tem acesso à Sua presença. Ontem
como hoje Jesus acolhe os desamparados. E da mesma forma nós devemos fazer uns
para com os outros. Por outro lado esta palavra profética encerra a esperança
cristã que se insurge contra toda a indiferença e comodismo. É possível
viver de uma forma diferente. É possível mudar de vida, começar a viver de
forma diferente. É possível começar de novo, mudar de página. O passado pode
ser alterado, o presente pode ser mudado, o futuro pode ser diferente. Diante do
amor e do poder de Deus é possível confrontar o pessimismo, o fatalismo e o
determinismo. O que não podemos fazer sozinhos, podemos
Do mesmo modo que Jesus viveu a Sua vida no Espírito divino, a vida
cristã só pode ser vivida no mesmo Espírito. “Digo, porém: Andai pelo
Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta
contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro,
para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não
estais debaixo da lei.” (Gálatas 5:16-18 – JFA).
O plano divino para a vida cristã é que a vivamos cheios do Seu Espírito,
dando o fruto que Ele produz e actuando nas habilidades que Ele confere. A vida
cristã é uma vida natural vivida sobrenaturalmente.
AMOR,
PERDÃO E SERVIÇO
Eis três palavras que traduzem tês notas dominantes na vida
de Jesus Cristo entre nós, bem como do Seu ensino. Palavras que Ele viveu por
inteiro e que nos passou a possibilidade de as vivermos.
Elas traduzem a verdadeira identidade de Deus. Elas nos dão a conhecer
quem realmente Deus é.
Quer queiramos quer não existimos em Deus, movemo-nos em Deus, como
Segundo a natureza de Deus, presente em absoluto na
pessoa de Jesus, segundo a Sua vida terrena em conformidade com todo o
procedimento de Deus ao longo de toda a História e de eternidade a eternidade,
segundo o Seu ensino se amamos então perdoamos e servimos, se amamos dizemos a
verdade em amor, não ofendemos, não levantamos falsos testemunhos, não nos
vingamos, não queremos o mal dos nossos próprios inimigos, não retribuímos o
mal com o mal, não mentimos, não invejamos, não usamos de violência, não
adulteramos, não nos prostituímos, fazemos aos outros da mesma forma como
gostamos de ser tratados (de uma forma positiva e não meramente negativa). Por
isso todos os valores e princípios da vida cristã se resumem ao mandamento do
amor, em conformidade com o facto de Deus ser amor: “Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira
discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o
primeiro de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel,
o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas
as tuas forças. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não
há outro mandamento maior do que esses.” (Marcos 12:28-31).
É o amor que suporta e alimenta, dá razão de ser e integra, os princípios
e os valores da vida cristã. Sendo amados e perdoados, reconciliados e em
intimidade com Deus vivemos segundo os padrões morais e éticos que vemos no
carácter divino
Por outro lado se sabemos de antemão que Deus nos ama então podemos
viver seguros, tranquilos, descansados, sem ansiedade quanto ao dia de amanhã.
Podemos analisar o Sermão da Montanha e todos os restantes ensinos de Jesus
sobre o comportamento dos Seus seguidores à luz do amor, eles são aplicações
concretas do amor às várias circunstâncias da nossa vida.
Toda a acção terrena de Jesus Cristo é marcada pelo amor mesmo quando
Ele fala acerca do Inferno, da condenação eterna dos que não aceitam e vivem
no Seu amor e aceitam o Seu perdão; quando denuncia a hipocrisia dos religiosos
ou quando expulsa os vendilhões do templo. Trata-se da mesma forma de actuação
de Deus ao longo de toda a História humana desde a criação passando por
eventos como a expulsão do Homem e da Mulher do Jardim do Éden, do dilúvio,
da Torre de Babel, da destruição de cidades como a de Jericó. Podemos não
conseguir ver o amor de Deus em todos esses eventos, como podemos não perceber
o exercício da Sua justiça, mas na Sua santidade o amor e a justiça fazem
parte de uma mesma realidade. Quando Deus ama Ele é justo e quando Deus é
justo Ele continua a ser amor. A justiça de Deus em harmonia com o Seu amor
para connosco realizou-se em função do que Jesus fez na cruz a nosso favor.
O amor expressa-se no perdão e no serviço. Tudo o que fazemos como
cristãos é feito em nome de Jesus: “E
tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em acção, fazei-o em nome do Senhor
Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:17 – JFA) Um
pouco mais adiante o mesmo escritor reforça a mesma verdade do serviço que é
prestado em nome de Jesus e avança com a revelação de que ele recebe da parte
de Deus a devida recompensa, mesmo que ele passe despercebido aos homens, ou
seja para eles insignificante como era o caso do trabalho dos escravos: “Tudo
quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor, e não para
homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo,
o Senhor, é que estais servindo (…).” (Colossenses 3:23,24 – JFA)
ENFRENTANDO
O SOFRIMENTO
O sofrimento não é tratado por Jesus na
base da especulação filosófica. Um dos relatos eloquentes acerca disso é
quando perante um cego os Seus discípulos querem saber qual a razão que pode
estar na origem da situação, mas para Jesus o que está em causa é a glória
de Deus que se há-de manifestar pela cura. “E passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para
que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para
que nele se manifestem as obras de Deus. Importa que façamos as obras daquele
que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar.
Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.” (João 9:1-5)
Um dia destes toda o mal será extirpado da terra, e toda a dor desaparecerá:
“E vi um novo céu e uma nova terra.
Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe.
E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus,
adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo. E ouvi uma grande voz,
vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens,
pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com
eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem
haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são
passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas
todas as coisas. E acrescentou: Escreve; porque estas palavras são fiéis e
verdadeiras.” (Apocalipse 21:1-5 – JFA)
MILAGRES
Os milagres são inerentes à existência de
Deus. Ele pode fazer o que quer. Para Ele não existe o impossível. Deus criou
tudo o que existe, governa tudo o que existe, redimiu tudo o que existe e
restaurará tudo o que existe. Como cristãos acreditamos num novo mundo em que
o bem prevalecerá para sempre, em que a doença e a morte desaparecerão, em
que a justiça triunfará, em que o mal deixará de existir.
Até lá continuaremos a agir de tal forma que essa realidade, apesar de
contrariada por múltiplos factores, se alargue cada vez mais, começando em nós
e espraiando-se à nossa volta.
A vida de Jesus está marcada por milagres que são sinais acerca da Sua
identidade e ao mesmo tempo são antecipações do Reino dos céus que haverá
de ser instaurado por Ele na Sua segunda vinda, conforme a Sua promessa bem explícita
em todo o Novo Testamento. Porque acreditamos em milagres acreditamos que vidas
podem ser mudadas, e o impossível pode acontecer. Os exemplos são mais do que
muitos. Agora Aquele que faz milagres é soberano. Os milagres que envolvem cura
física e intervenções no mundo natural dependem da fé das pessoas e do
beneplácito divino. Estamos ainda a viver o tempo em que as consequências cósmicas
do pecado estão presentes. Para lidar com elas precisamos de fé como dependência
da força que Deus concede na esperança de que um dia destes as coisas mudarão
de figura e na eternidade toda a dor e sofrimento cessarão. É esta expectativa
que o agnosticismo e o ateísmo não podem oferecer. Não há alternativa no
cepticismo. A resposta para os sofrimentos do tempo presente pode não ser fácil
para um cristão, mas ela não existe fora do cristianismo. O cristão, à luz
da cruz de Cristo e da Sua ressurreição, sabe que na eternidade o cenário será
absolutamente diferente para os que crêem n’Ele. Como Paulo esta é a nossa
certeza: “Porque para mim tenho por
certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória
por vir a ser revelada
Jesus cuja vida terrena é marcada pela manifestação do poder
sobrenatural nunca enganou os Seus seguidores a respeito das contrariedades, da
oposição, da perseguição, dos maus-tratos, das aflições, das dificuldades
do presente tempo.
Sabemos que quem segue a Jesus e os Seus ensinos é resguardado de muitos
problemas que de outra forma teria se vivesse atolado numa vida desregrada, mas
também sabemos que o facto de O seguirmos nos expõe a outros perigos e
dificuldades. Em todo o caso sabemos que não estamos nunca sozinhos. Esta é a
convicção de Paulo e é a nossa: “Que
diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou,
porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará
acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está
à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de
Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez,
ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à
morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas
estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem
principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem
profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus,
que está
Apesar de tudo confiamos que Deus vela por nós. Como Jesus ensinou no
Sermão do Monte: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça e todas
estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33). Por isso
confiadamente oramos: “o pão nosso de
cada dia dá-nos hoje” (Mateus 6:11 – JFA).
UM
DEUS HUMILDE
Existe uma dificuldade muito grande em aceitar
esta essência de Deus conforme Jesus Cristo a expressou. Deus é Deus, e ponto
final. Ele não precisa impor esse facto. Como Suas criaturas somos servidos por
Ele em tudo o que nos rodeia e no que nós somos. A atitude que deve emergir do
nosso mais íntimo ser é a da gratidão, do louvor e da adoração. A perversão
desta postura é o pecado.
Jesus nunca obrigou quem quer que seja a acreditar n’Ele ou a aceitar a
Sua mensagem. Jesus não impôs a ninguém a Sua identidade. Ele forneceu os
elementos necessários e suficientes para que, em liberdade, cada um pudesse
concluir quem Ele é de facto.
Como Ele foi e agiu nós também somos ensinados a ser: “Tende em vós aquele sentimento que houve também
O estilo de vida humilde de Jesus é uma lição para nós. A arrogância e
a sobranceria não fazem parte do perfil do ser cristão. “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu
jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:28-30 – JFA).
Daí que houve e há pensadores que acusam o cristianismo de enaltecer a
fraqueza. Daí também o cristianismo introduziu o cuidado pelos fracos, pelos
desvalidos, pelos pobres, pelos escorraçados, pelos desvalorizados, pelos
abandonados, pelos segregados e marginalizados. Jesus tocou em leprosos que eram
proscritos. Jesus relacionou-se com os samaritanos que eram desprezados pelos
judeus. Jesus aceitou a companhia de mulheres e crianças que eram
desvalorizadas. Jesus foi acusado de ser amigo de publicanos e pecadores – a
escória da sociedade (Mateus 11:19).
O
SERVO
O título por excelência que podemos encontrar
em Jesus é o de Servo. Ele veio para servir. Nunca se envergonhou do serviço.
Perante uma mulher samaritana e de reputação duvidosa não teve relutância em
pedir-lhe água para beber. O Criador de tudo não tem qualquer relutância em
ser servido. Este é o transtorno do pecado. A mulher fica surpreendida e não
sabe ainda tudo acerca de quem lhe pede água. Um pouco mais à frente é o próprio
Jesus que lhe diz: “Se conheceras o dom
de Deus e quem é o que te pede: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te
daria água viva.” (João 4:10 – JFA).
Jesus apresenta-se como servo, quando a expectativa está em quem se irá
sentar ao Seu lado no trono: “Então
Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que
os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário,
quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem
quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo; tal como o Filho do homem,
que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por
muitos.” (Mateus 20:25-28 – JFA).
Pouco tempo antes de dar a Sua vida em resgate pela humanidade, Jesus
toma a posição do escravo daqueles dias e lava os pés aos Seus discípulos,
perante a estupefacção de todos e a indignação de Pedro que a todo o custo
se recusa a admitir tal postura. A isto Jesus responde de forma enérgica: “Se
eu não te lavar, não tens parte comigo.” (João 13:8 – JFA). A lição
é bem clara: “Depois de lhes ter
lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes:
Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor, e dizeis bem;
porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também
vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que,
como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o
servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o
enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.” (João
13:12-17 – JFA).
O chamado do cristão é para ser servo: “Quem
ama a sua vida, perde-a, mas aquele que odeia a sua vida neste mundo, preservá-la-á
para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estou, ali estará
também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.” (João
12:25,26 – JFA). A vida no sentido de Cristo é serviço, doação, abnegação,
generosidade, bondade, amor.
Quem pode ficar insensível perante o
relato do grande julgamento que Jesus apresentou: “Quando, pois vier o
Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no
trono da sua glória; e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele
separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e porá
as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda. Então dirá o Rei aos
que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o
reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e
me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me
acolhestes; estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão
e fostes ver-me. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com
fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? Quando te vimos
forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos? Quando te vimos enfermo, ou na
prisão, e fomos visitar-te? E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que,
sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim
o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai- vos
de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos;
porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de
beber; era forasteiro, e não me acolhestes; estava nu, e não me vestistes;
enfermo, e na prisão, e não me visitastes. Então também estes perguntarão:
Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou nu, ou enfermo,
ou na prisão, e não te servimos? Ao que lhes responderá: Em verdade vos digo
que, sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, deixastes de o
fazer a mim. E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida
eterna.” (Mateus 25:31-46 – JFA). É a este estilo de vida
que somos chamados por Cristo. Como o mundo se torna diferente quando vivemos
assim. Como se torna diferente a nossa família quando esta é a nossa postura.
Como as coisas seriam bem diferentes se estivesse generalizado este modo de ser
na saúde, na justiça, na educação, nos meios de comunicação, nas empresas,
nos governos, etc.
UM
DEUS-HOMEM OBEDIENTE
O homem no pecado detesta obedecer.
Contrariamente o próprio Deus
A oração de Jesus no Jardim do Getsemani é cheia de significado: “E
apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava, dizendo:
Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha
vontade, mas a tua.” (Lucas 22:41,42 – JFA).
A epístola aos Hebreus tem uma nota muito singular, sugestiva e tocante
em relação a esta marca distintiva de Jesus Cristo, verdadeiramente notória
em relação a nós. O problema essencial do pecado é desobediência, é
insurreição, é rebelião, é inimizade contra Deus. O pecado voltou o homem
contra Deus e contra si mesmo, contra o seu semelhante e contra a própria
Terra. Hoje vemos isso de forma muito nítida. O pecado é visceralmente avesso
à obediência a Deus. O pecador não quer sujeitar-se a Deus, quer viver à sua
própria maneira, seguindo os seus próprios ditames, julgando-se livre é
escravo das suas inclinações destrutivas. Jesus Cristo veio mostrar-nos como a
obediência é parte de uma relação saudável com um Deus que nos ama. A obediência
de Jesus Cristo é não em meio a circunstâncias agradáveis, mas face ao
sofrimento e sofrimento extremo, como é aquele que suporta na cruz: “embora
sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hebreus 5:8
– JFA).
Deus tem todo o direito em requerer a nossa obediência. Ele mesmo
Quando amamos a Deus observamos a Sua vontade, queremos agradar-Lhe. Foi
isso mesmo que Jesus falou acerca de si mesmo em relação aos Seus seguidores: “Vós
sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.” (João 15:14 – JFA).
OBSERVANDO
A PALAVRA DE DEUS
Jesus viveu observando a Palavra de Deus, que no
fim de contas é a Sua própria Palavra. “Não
penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para
cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem nem um j
ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra.” (Mateus
5:17,18 – JFA).
Como nenhum outro a expôs, explicou, aplicou e viveu. Ele é a própria
Palavra em carne e osso. Em Jesus temos a Palavra de Deus entre nós. N’Ele
vemos que não há nenhuma dissonância em Deus a respeito do que Ele fala, do
que Ele vive, do que Ele é. Deus é absolutamente santo.
Usou o que está escrito no momento
crucial da tentação no deserto. Desta forma aprendemos com Ele a empunhar a
Palavra de autoridade que rege todo o Universo, a Palavra que o trouxe à existência
e a Palavra que permanece para todo o sempre. Jesus deu disso um testemunho
muito veemente: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras
jamais passarão.”
(Mateus 24:35 – JFA).
É Ele e a Sua Palavra que nos ensinam a viver. Com Ele sabemos como
devemos agir, como nos devemos defender, como devemos atacar, como sair vencedor
de cada confronto com os poderes do mal; como nos devemos relacionar uns com os
outros como palavra que nos estimula ao amor, ao perdão e ao serviço: “Revesti-vos,
pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afectos de misericórdia,
de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos
outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra
outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de
tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. Seja a paz
de Cristo o árbitro em vossos corações, à qual, também, fostes chamados em
um só corpo: e sede agradecidos. Habite ricamente em vós a palavra de Cristo;
instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus,
com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações.”
(Colossenses 3:12-16 – JFA).
CUMPRINDO
AS PROFECIAS
A vida de Jesus foi uma contínua
concretização do que anteriormente Deus já havia antecipado pelos profetas.
Repetidas vezes encontramos esta importante referência à vida de Jesus. O próprio
a fez muitas vezes. Uma das mais abrangentes terá sido certamente aquela que os
discípulos a caminho de Emaús ouviram da Sua boca, já ressuscitado de entre
os mortos: “Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração
para crerdes tudo o que os profetas disseram! Porventura não importava que o
Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés,
e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as
Escrituras.”
(Lucas 24:25-27 – JFA).
O cumprimento profético na vida de Jesus ocupou e ocupa um lugar de
relevo nas evidências que nós temos acerca da Sua identidade. Existe um elo
inquebrável entre o Velho e o Novo Testamentos. Desde a eternidade que Deus
tinha estabelecido o plano de redenção da humanidade que haveria de criar e
que se haveria de apartar d’Ele. Nesse plano Ele demonstraria a Sua natureza e
exporia diante dos nossos olhos toda a Sua glória, a Sua santidade, o Seu amor,
a Sua justiça, a Sua misericórdia.
FAZENDO
O BEM
Toda a vida terrena de Jesus foi vivida para os
outros, dando-Se. “Assim como o Filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mateus 20.28 – JFA)
Jesus mostra-nos o Deus verdadeiro que no dizer do apóstolo Paulo não
é servido por mãos humanas como se precisasse de alguma coisa, Ele mesmo foi
quem criou tudo o que existe. A Sua criação é parte do serviço de Deus a
nosso favor.
Servirmos a Deus é um privilégio que Ele nos concede. Servi-lO na
pessoa do nosso semelhante é uma vivência prática do que Deus mesmo faz. É a
imitação da atitude de Deus desde o princípio para connosco. A contribuição
da Igreja de Jesus Cristo para os mais desfavorecidos não é estatisticamente
possível de ser traduzida, mas não temos dúvida alguma que ela é um dos
suportes essenciais da nossa civilização apesar das suas crises. Se a onda de
indiferença que a secularização e o laicismo tendem a introduzir na sociedade
e na cultura, continuar a crescer é assustador o que daí pode advir. É necessário
romper com a indiferença e a apatia perante o sofrimento alheio. É necessário
pôr cobro a uma competição desenfreada que serve de cobertura à cobiça e à
inveja. O motor da história e do desenvolvimento sustentado é o amor, a abnegação,
a bondade e o espírito de sacrifício.
Jesus Cristo ensinou-nos pela Sua própria vida que manifesta a natureza
e a essência de Deus, a estarmos disponíveis para servir. Segundo Jesus o
maior é aquele que serve e não aquele que é servido. Que grande inversão de
valores.
Por outro lado Jesus mostrou-nos e ensinou-nos que servimos a Deus quando
servimos o nosso próximo, e o nosso próximo não é aquele que se aproxima de
nós ou aquele que está perto de nós porque faz parte do nosso círculo social
e cultural, religioso ou partidário, mas aquele de quem nós nos aproximamos
quando todos se afastam. Neste sentido Deus se tornou próximo do homem não
porque nós nos aproximamos d’Ele, mas porque Ele mesmo tomou a iniciativa de
se aproximar de nós, tomando a nossa forma, assumindo a nossa condição
humana, vestindo-se de carne.
O apóstolo Paulo dá conta da sua própria estratégia na partilha do
evangelho, fazendo todo o esforço para que pudesse alcançar o maior número de
pessoas. Só calçando os sapatos dos outros estamos em condições de lhe
mostrarmos a pessoa de Jesus Cristo e o que é que Ele pode e quer fazer por nós,
e o que nós podemos fazer a partir d’Ele e n’Ele. “Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o
maior número possível: Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os
judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei
(embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei;
para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para
com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos,
para por todos os meios chegar a salvar alguns. Ora, tudo faço por causa do
evangelho, para dele tornar-me co-participante.” (1 Coríntios 9:19-23 –
JFA).
RELACIONANDO-SE
COM OS MARGINAIS
Uma nota das mais desconcertantes, para nós e
para os seus contemporâneos e conterrâneos, consiste nas pessoas que
apreciavam a Sua companhia. Para muitos dos religiosos de então era inconcebível,
inadmissível que a santidade pudesse atrair e alcançar os fracassados morais.
“Veio o Filho do homem,
comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de
publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas
obras.” (Mateus 11.19 – JFA).
Ele, o Santo de Deus, tinha prazer em estar com os pecadores para
trazer-lhes perdão. Diante d’Ele não se sentem condenados, mas amados e
aceites, para poderem viver uma nova vida. Os que se afastam, os que se sentem
incomodados são os hipócritas religiosos, os que se apresentavam como
representantes de Deus.
O fulcro da Sua missão é morrer na cruz em lugar de todos os pecadores,
que somos todos nós. A diferença entre nós reside em reconhecermos ou não
que sendo pecadores, somos pelo Deus santo, amados e justificados por Cristo.
Jesus foi duramente criticado pelos legalistas de então e o mesmo vem
acontecendo ao longo de toda a História. Deus me guarde de incorrer no grave
erro de perder de vista o Seu amor e de transformar a Sua graça em legalismo, e
perder de vista a Sua misericórdia no trato com os meus semelhantes. Quantas
vezes não o terei feito. Que Deus me perdoe!
AMANDO
INCONDICIONALMENTE
Sem condições Jesus acolheu a todos os que a
Ele se dirigiram não para que continuassem na mesma, mas para que percebessem
que n’Ele e por Ele é possível viver uma outra vida. O amor incondicional de
Jesus para com todos não é imobilista nem conformista, não é um encolher de
ombros diante da nossa desgraça, das nossas dores, da nossa ruína, do nosso
pecado. O amor de Deus denuncia o nosso estado miserável, mas estende-nos a mão
para que sejamos levantados e possamos viver acima da presente condição
pecaminosa. O amor de Cristo por nós torna-nos vitoriosos sobre o mal. Não
mais escravos, mas livres. Não mais dependentes do determinismo fatalista seja
do que for, mas libertos em Deus para a santidade, o amor e a justiça.
A mensagem do amor de Deus em Jesus é que é possível mudar, ser
diferente, ter um outro destino, inverter a direcção, caminhar noutro sentido,
ter um outro começo.
PERDOANDO
OS SEUS PRÓPRIOS INIMIGOS
Jesus ensina-nos o perdão na primeira pessoa. Tudo o que Jesus nos
ensina está vertido no Seu exemplo, na Sua vida, no Seu comportamento e
atitudes, na Sua natureza. “Jesus,
porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então
repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas.” (Lucas 23.34 – JFA).
O amor que procede do coração de Deus a partir do que Jesus realiza a
nosso favor na cruz, é o perdão que nos é requerido diariamente. O perdão de
Deus custou a cruz de Jesus. Esta é uma realidade que confunde, perturba,
escandaliza desde sempre a cultura do próprio pecado. A justiça de Deus não
podia pura e simplesmente abolir, absolver o pecado. A pena estabelecida por
Deus a respeito do pecado precisava ser cumprida, e Deus a cumpriu sobre Si
mesmo. Não temos uma graça barata. A graça é o que de mais custoso o
universo, o tempo, a história e a eternidade conhecem. A graça tem o preço do
próprio Deus na forma humana, tomando sobre Si a nossa morte. Este é um perdão
que nos muda radicalmente por dentro, que nos faz filhos de Deus.
Uma das marcas da divindade reside precisamente na forma como Ele estende
o perdão a todos os que dele carecem e estão disponíveis para o receber,
porque se reconhecem pecadores. Só Deus pode perdoar o pecado que cometemos
contra nós e contra os outros, porque em última instância o pecado é sempre
contra Ele.
MUDANÇA
POR DENTRO – NASCER OUTRA VEZ
Ser diferente para viver de uma forma diferente.
Nascer de novo. Não há expressão mais forte. Deixou confuso um doutor da Lei
que apesar de estar impressionado com o currículo de Jesus, logo mostrou o seu
cepticismo perante uma declaração tão revolucionária, tão radical.
Até aos dias de hoje aqui radica o que
nem a religião, nem a filosofia, nem a política, nem a educação, podem fazer
pelo homem. A legislação, a educação e a formação não podem mudar o homem
por dentro, na sua natureza espiritual. É por isso que o Evangelho não pode
ser confundido com um programa político, nem com um catecismo ético ou um rito
religioso. O Evangelho pode influenciar as normas de um país, mas nunca pode
ser imposto por via legal. O Evangelho muda o homem por dentro e tem de ser
aceite de forma livre e espontânea, embora sempre pela acção persuasiva do
Espírito Santo e da Sua revelação. O apóstolo define muito bem o que é o
evangelho quando escreve aos crentes em Roma: “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também
do grego.” (Romanos 1:16 – JFA).
Jesus não veio propor uma reforma, uma recauchutagem, um conserto.
Jesus veio operar uma nova criação.
Para criar, no princípio, bastou a Deus falar e tudo foi feito segundo o
Seu decreto. Para recriar foi necessário que Deus viesse, assumisse a dimensão
do homem e morresse na cruz. Apenas a Sua morte e ressurreição tornou possível
o nosso renascimento.
O encontro de Jesus Cristo com Nicodemos, um
religioso judeu, é uma das narrativas dos evangelhos que mais me impressiona e
que marca de uma forma incontornável a exclusividade do evangelho. Nascer de
novo é um exclusivo do poder de Deus, através do que Jesus Cristo veio
possibilitar e o Espírito Santo opera:
“Ora, havia entre os fariseus um homem chamado
Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e
disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer
estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: Em
verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho?
Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus
respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e
do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é
carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te
haver dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouves
a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que
é nascido do Espírito. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto?
Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas? Em
verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que
temos visto; e não aceitais o nosso testemunho! Se vos falei de coisas
terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninguém
subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem. E como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja
levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu
Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo
por ele. Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado;
porquanto não crê no nome do unigénito Filho de Deus. E o julgamento é este:
A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as
suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não
vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” (João 3.1-20 – JFA).
Paulo quando escreve aos coríntios sobre a experiência cristã descreve-a
como uma nova criação: “Pelo que, se
alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis
que tudo se fez novo.” (2 Coríntios 5:17).
O poder de Deus mediante a cruz de Jesus liberta o homem do pecado para uma
nova vida. O pecado não tem mais domínio sobre o homem que aceita a Jesus
Cristo, ele é feito mais do que vencedor
CONVITE
SINGULAR
Jesus coloca-nos, na primeira pessoa, perante um convite que
só quem é Deus tem a possibilidade de exprimir e de cumprir. Ao longo dos séculos
milhões têm dado testemunho acerca da autenticidade das Suas palavras. “Vinde
a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre
vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e
achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu
fardo é leve.”
(Mateus 11.28-30v- JFA). Esta é a essência da experiência cristã. Enquanto a
religião oprime o homem nas suas múltiplas prescrições para merecer o agrado
de Deus,
Neste texto de uma forma muito particular e singular Jesus apresenta-se
como “manso e humilde de coração”, atributos surpreendentes em quem é
Deus. Ao contrário dos imperadores romanos, dos senhores e dos dignatários
religiosos, Deus apresenta-se como “manso e humilde de coração”. Como é
distorcido o conceito que muitos têm acerca de Deus. Ele é soberano,
Todo-poderoso, Senhor do Universo, mas não é um déspota sanguinário. É amor
e veio como Servo para servir, como desde sempre serviu a humanidade. A própria
vida é um dom de Deus e só no serviço mútuo a vida se realiza.
Numa outra ocasião, no último dia de uma festa que não conseguiria de
forma alguma preencher o vazio do coração dos participantes, por muito
envolvidos que estivessem e sinceros que fossem. Nessa altura Jesus levantou-se
e exclamou: “Se alguém tem sede, venha
a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de
receber os que nele cressem; pois o Espírito até esse momento não fora dado,
porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” (João 7:37-39 – JFA).
VIVER
CRISTO
Paulo declara que a sua vida é Cristo. Esta é a essência
da vida cristã. “Já estou crucificado com
Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na
carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo
por mim.” (Gálatas 2:20)
Aos colossenses Paulo declara que Cristo é a nossa vida, a qual se projecta
para lá do tempo, na eternidade: “Quando
Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis
manifestados com ele, em glória.” (Colossenses 3:4)
Não se trata de uma experiência apenas para alguns como é o caso do apóstolo
Paulo. Trata-se do propósito do Pai para cada um dos Seus filhos. A vida que é
Cristo, vivida pelo homem, é a essência do cristianismo. Uma vida que não
cessa com a morte, uma vida eterna. Isto não pode ser conseguido por qualquer
outro meio. Aqui jaz a derrota em toda a linha do cepticismo e da religiosidade
humanista. O homem não pode produzir vida, muito menos vida eterna. Ele aparece
como criação de Deus e vive eternamente a partir de Cristo.
Esta vida é de vitória face às circunstâncias adversas e que olha de
frente as vicissitudes com a fé e a esperança eterna: “Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo,
e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.
Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo; tanto nos que são
salvos, como nos que se perdem.” (2 Coríntios 2:14,15 – JFA).
FIGURA
CONTROVERSA
Deus ou demónio? Jesus Cristo desde sempre
provocou dissensão. Foi assim há dois mil anos, tem sido assim ao longo da
história, é assim hoje em dia.
“Respondeu a multidão:
Tens demónio; quem procura matar-te?”
(João 7:20 – JFA). “Responderam-lhe
os judeus: Não dizemos com razão que és samaritano, e que tens demónio?
Jesus respondeu: Eu não tenho demónio; antes honro a meu Pai, e vós me
desonrais.” (João 8:48,49 – JFA). “E
muitos deles diziam: Tem demónio, e perdeu o juízo; por que o escutais?”
(João 10:20 – JFA).
Normalmente não provoca indiferença. Diante
d’Ele se descobre a intimidade de cada homem. A presença e a apresentação
de Jesus Cristo actua como um indicador espiritual. A nossa inclinação se
descobre diante d’Ele. Não nos admira nem nos perturba que tanta polémica,
tanta especulação e tantas histórias sejam inventadas em torno d’Ele.
Encontramos Jesus tal e qual Ele é nos Evangelhos em particular, e na Bíblia
como um todo.
Hoje proliferam as ficções em torno da figura
de Jesus Cristo especulando em torno da Sua identidade, da Sua natureza, da Sua
vida. A pós-modernidade julga que pode fabricar a história, alterá-la, mudá-la
a seu belo prazer e conformando-a aos preconceitos dos seus comentadores. Para a
cultura pós-moderna não há verdade, ou cada um “cria” a sua própria
verdade. O homem pós-moderno é uma elaboração mais sofisticada da tendência
do homem para se divinizar e pensar-se senhor de si e do seu mundo.
A verdade histórica de Jesus encontramo-la na
descrição dos seus contemporâneos, os homens que O acompanharam que viveram
com Ele, que ouviram os Seus ensinos, que presenciaram os Seus milagres, que
foram testemunhas oculares da Sua morte e que O viram ressuscitado. Para nós os
evangelhos são absolutamente fidedignos acerca do Jesus histórico e do Jesus
da fé, distinção que à luz dos escritos bíblicos não faz qualquer sentido.
O liberalismo teológico e o pós-modernismo
podem continuar nos seus “delírios” e elucubrações, mas não poderão
nunca mudar o que de facto ocorreu há dois mil anos atrás, como também não
podem comprometer o que Deus determinou para o nosso futuro e que Jesus Cristo
prometeu antes de se retirar fisicamente do planeta terra.
REJEITADO
PELOS SEUS
Jesus nunca se impôs. Ele nunca obrigou ninguém a aceitá-Lo.
Desde o momento do Seu nascimento não houve lugar para Ele na estalagem e, em
virtude disso, nasceu num estábulo e foi deitado numa manjedoura. “Naqueles
dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse
recenseado. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirínio era
governador da Síria. E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
Subiu também José, da Galiléia, da cidade de Nazaré, à cidade de Davi,
chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com
Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam ali, chegou o tempo em
que ela havia de dar à luz, e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em
faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na
estalagem.” (Lucas 2.1-7 – JFA).
Os seus não O receberam conforme declara o apóstolo João logo na
abertura do evangelho que tem o seu nome: “Veio
para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1.11 – JFA).
Até os seus próprios irmãos não acreditavam n’Ele, conforme o
testemunho do mesmo evangelho: “Passadas
estas coisas, Jesus andava pela Galileia, porque não desejava percorrer a
Judeia, visto que os judeus procuravam matá-lo. Ora, a festa dos judeus,
chamada dos tabernáculos, estava próxima. Dirigiram-se, pois, a ele os seus
irmãos, e lhe disseram: Deixa este lugar e vai para a Judeia, para que também
os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém há que procure
ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos
Jesus foi rejeitado entre os seus em Nazaré, onde viveu na sua infância: “Tendo
Jesus proferido estas parábolas, retirou-se dali. E, chegando à sua terra,
ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se maravilhavam, e diziam: Donde lhe vêm
esta sabedoria e poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? Não
se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem
entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto? E
escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra
senão na sua terra e na sua casa. E não fez ali muitos milagres, por causa da
incredulidade deles.” (Mateus 13:53-58 – JFA).
Diante de Jerusalém Jesus lamentou a rejeição do Seu povo e do que
essa rejeição representava de sofrimento escusado para eles: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti
são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha
ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste! Eis aí abandonada
vos é a vossa casa. Pois eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me
vereis, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.”
(Mateus 23.37-39 – JFA).
É singular a realidade do Deus rejeitado que nos aceita
incondicionalmente. Esta é a História da queda e da redenção. Fomos
enganados acerca do carácter de Deus, da Sua natureza, da Sua essência e dos
Seus propósitos a nosso respeito. A História mostra-nos de sobejo o nosso
engano. Não permitamos que esse engano nos acompanhe pela eternidade. Estamos a
tempo de reconhecer a mentira e mudarmos de atitude. Deus mostrou de sobejo o
quanto nos ama e quanto o pecado é ruim, desastroso, maligno, trágico. Fujamos
do pecado. Fujamos da mentira que o alimenta. A nossa realização e felicidade
estão em Deus.
A essência do pecado é a rejeição de Deus. Foi assim com Jesus há
dois mil anos. Tem sido assim ao longo de toda a História. O drama do homem é
essa atitude que o corrói interiormente, que o deixa perdido, órfão,
condenado ao nada e à morte.
CRUCIFICADO
Não há como humanamente compreender a cruz. Mas
não há Evangelho sem a cruz. A morte mais hedionda escolhida pelo próprio
Deus para expiar a nossa culpa, a nossa desobediência e a nossa morte
espiritual. O nosso pecado leva Jesus Cristo, Deus feito homem – Deus-Homem,
à cruz. Uma escolha pessoal do Criador que assim se torna o nosso Salvador.
Temos horror à cruz porque ela expõe toda a malignidade do pecado do
qual somos culpados. Ouvi uma vez alguém dizer num programa de rádio que os
seus pecados, se é que os tinha, certamente não o levariam à prisão segundo
a justiça humana. O problema é que o pecado humano não tem que ver com a
justiça humana, mas com a natureza divina, com o próprio Deus. O pecado é, na
sua génese e essência, a rejeição de Deus como Senhor, e a tentativa humana
de querer ser senhor de si mesmo e do mundo à sua volta, decidindo viver não
em Deus num estado de inocência, mas segundo o bem e o mal, decidido por si próprio.
A cruz não faz sentido para uma sociedade, para uma cultura e
mentalidade que rejeita a noção de pecado, de certo e de errado, que rejeita
os absolutos morais e éticos, que nega a possibilidade da verdade.
Todos nós conhecemos bem os limites da justiça humana porque o homem
tem um conhecimento limitado, dependendo de testemunhas, do confronto de provas
e do contraditório. Deus sabe tudo a respeito de tudo. Não há como fugir à
verdade dos factos. No entanto Deus não pretende condenar-nos, mas estende-nos
o perdão que o próprio alcançou, segundo a Sua justiça, na pessoa divina e
humana de Jesus Cristo. Somos nós que nos condenamos a nós mesmos se somos
indiferentes, se desprezamos esta tão grande salvação.
A cruz ofende a auto-suficiência humana. A questão não é nova. Ela
sempre existiu. Logo no primeiro século o apóstolo Paulo fala dela nestes
termos: “Porque Cristo não me enviou para baptizar, mas para
pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a
cruz de Cristo. Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem;
mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria, o entendimento
dos entendidos. Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século?
Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na
sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a
Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem. Pois, enquanto os judeus
pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado,
que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são
chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.
Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é
mais forte que os homens.” (1
Coríntios 1.17-25 – JFA).
Antes disto já Pedro se havia indignado perante a declaração de Jesus a
respeito da Sua morte: “Desde então
começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele
fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais
sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia
ressuscitasse. E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo:
Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá. Ele,
porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves
de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim
nas que são dos homens.” (Mateus 16:21-23).
A cruz mostra-nos um Deus que tendo estabelecido soberanamente, na Sua
justiça e em conformidade com a Sua natureza, as consequências mortíferas do
pecado, assume sobre Si essas consequências, para que todos os que diante
d’Ele se arrependem e se convertem, sejam reconciliados com Ele para todo o
sempre.
O amor e a justiça, segundo a santidade de Deus, abraçam-se na cruz. É
ali, mais do que em qualquer outro lugar e em qualquer outra ocasião, que Deus
mostra para connosco o Seu imenso, insondável amor. Jesus amando-nos, amou-nos
até às últimas consequências: “Antes da festa da páscoa, sabendo Jesus
que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os
seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (João 13:1).
Desde sempre a cruz foi escândalo e loucura, e continuará a sê-lo.
A cruz ofende o orgulho, espinha dorsal do pecado humano.
A cruz mostra quão terrível é o pecado.
A cruz mostra-nos quem verdadeiramente é Deus em toda a Sua santidade,
amor e justiça.
A cruz traz-nos a revelação única e exclusiva segundo a graça divina.
Para mim a redenção é absolutamente lógica. Deus é vida. O pecado é
contra Deus – anti Deus e necessariamente provoca a morte. Jesus Cristo assume
sobre Si o nosso pecado e morre em nosso lugar. No nosso pecado nós matamos a
Jesus na cruz. Jesus vence a morte porque Ele é vida, e n’Ele passamos da
morte para a vida quando O recebemos. A vida que Ele nos dá é eterna e a morte
física não pode vencê-la, antes a vida eterna que Deus nos dá vence a morte
física e abre-nos a promessa da ressurreição.
A cruz é o centro do Evangelho. Jesus tomou a forma humana precisamente
com essa intenção. O pecado trataria Deus entre nós com a morte, e morte
cruenta de cruz. A lógica do pecado foi revertida pela do amor e da justiça.
Os homens pecadores não podendo suportar a presença que denunciava o seu
pecado, tentaram ver-se livres dela encerrando-se irremediavelmente, dessa
forma, numa condenação irreversível. Mas Deus no Seu amor, cumpriu e satisfez
a Sua justiça, entregando-se à morte para que por ela pudéssemos ser
perdoados e reconciliados com Ele. Deus, na Sua santidade, amor e justiça, e
assumindo a natureza humana, triunfou sobre a morte e o pecado que a produz. O
Deus-Homem venceu por toda a humanidade. Mistério insondável que o Espírito
desvenda a todos os que humildemente se reconhecem pobres de espírito e
carentes de perdão.
O homem no seu pecado quer a morte de Deus. No século XX Nietzche
haveria de voltar a este assunto, confessando a disposição da humanidade, mas
Deus não morre pela segunda vez. A Sua morte ocorreu uma única vez para nossa
salvação da morte espiritual e eterna.
O Deus feito homem, no Seu amor e justiça, morre pela humanidade e
triunfa sobre ela ressuscitando de entre os mortos. Só por esta morte e
ressurreição podemos alcançar vida eterna e triunfar sobre a morte espiritual
e eterna.
Já na cruz o escárnio da multidão e dos religiosos condensam a essência
do pecado: “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel!
Desça da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se
de facto lhe quer bem; porque disse: Sou filho de Deus.” (Mateus 27:42,43
– JFA). Tivesse Jesus cedido a esta última tentação, todos eles teriam
ficado convencidos da Sua identidade divina, mas eternamente perdidos e
condenados ao inferno da separação de Deus para sempre. Jesus já dissera
antes aos discípulos que se o quisesse pediria ao Pai e mais do que uma dúzia
de legiões de anjos seria colocada à Sua disposição: “Acaso
pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de
doze legiões de anjos?” (Mateus 26:53 – JFA)
Na cruz Jesus é crucificado entre dois malfeitores que se tornam os dois
tipos de pessoas que se posicionam perante ela. Os que reconhecem a Jesus como
Salvador e n’Ele buscam perdão e certeza de vida eterna, sem qualquer mérito
ou virtude. E os que apesar de tudo blasfemam e continuam a viver ofendendo a
Deus. É aos primeiros que Jesus estende o perdão e a certeza da vida eterna: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (Lucas
23:43 – JFA). Quadro maravilhoso da graça extraordinária de Deus. O que
Jesus fez é suficiente. O malfeitor não tinha quaisquer méritos, nem
possibilidade de tentar reabilitar-se e assim compensar os anos vividos na prática
do mal, semeando o sofrimento nos outros e sobre si mesmo. Já não pode sair da
cruz, mas mesmo aí, quando a justiça humana está a ser aplicada de modo justo
sobre os prevaricadores e de modo absolutamente injusto sobre o Justo, Deus
realiza a Sua justiça em favor de todos os que arrependidos procuram o Seu perdão.
RESSURRECTO
O facto da História sem o qual a fé cristã seria vã é a ressurreição.
“E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a
nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (1 Coríntios 15.14 – JFA).
O Evangelho está assente nesta realidade única
em toda a História do Universo. Jesus ressuscitou vitorioso sobre a morte,
sobre o pecado, sobre o inferno, sobre o Diabo e todas as potestades do mal.
A história do inferno, do Diabo e de todas as potestades do mal sempre
foi a história da derrota. Deus sempre foi e sempre será soberano.
A ressurreição é para nós o sinal de
que a morte vicária e substitutiva de Jesus foi cumprida, aceite pelo Pai e
revertida a nosso favor eternamente. Não há mais condenação para todos os
que se encontram
É com base nessa ressurreição que vivemos como cristãos a nossa vida
presente. É desta forma que Paulo ora pela igreja em Éfeso: “Por
isso também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus, e o amor
para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, fazendo menção
de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno
conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é
a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança dos
santos, e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a
eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o
dentre os mortos, e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
acima de todo principado, potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se
possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs
todas as coisas debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as
coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo
enche em todas as coisas.” (Efésios 1:15-23 – JFA).
E porque Ele ressuscitou nós também
ressuscitaremos. Este é o cântico retumbante da celebração que abre a
eternidade para todos os que são de Jesus. “Mas, quando isto que é
corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir
da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a
morte na vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o
teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Mas graça a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 15:54-57 – JFA).
A ressurreição de Jesus é a nossa certeza de ressurreição. A
expectativa do cristão não é um espírito desencarnado, mas um espírito
habitando num corpo incorruptível, que não estará mais sujeito à doença, à
velhice e à morte. À semelhança do corpo de Jesus Cristo terá novas
propriedades e atributos. Vivemos na expectativa do dia em que tal acontecerá.
TODO-PODEROSO
Antes de voltar ao Pai Jesus declarou que todo o
poder Lhe havia sido confiado. “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me
dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis
que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mateus 28.18-20 – JFA)
Quem é que alguma vez teve a ousadia de afirmar o que Ele afirmou? Ninguém!
Jesus venceu a morte e o pecado em todas as suas manifestações.
Mas o poder de Jesus não pode ser confundido com o poder das armas
nucleares ou biológicas, não pode ser confundido com o poder dos déspotas e
corruptos, não pode ser confundido com o poder do dinheiro. Este poder não é
poder nenhum. Só o poder de Jesus é efectivamente poder, porque do amor, do
perdão, da santidade e da justiça. Um dia destes este poder se manifestará em
toda a Sua glória. Um dia destes os céus se abrirão e em glória e majestade
Aquele que morreu na cruz e ressuscitou, voltará para estabelecer o Seu reino
de paz. Ficarão de fora os que não O querem. Deus não obriga ninguém a aceitá-lO!
PROMETEU
QUE VOLTARIA
Em muitos e variados momentos Jesus deixou a
promessa de que voltaria. A Igreja do primeiro século, neotestamentária,
viveu, como toda a Igreja de Jesus ao longo de toda a História, na expectativa
da iminente segunda vinda de Jesus Cristo. Ele prometeu que voltaria. Não mais
para sofrer na cruz. Mas em glória e majestade para reinar. “Porque
assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há
de ser a vinda do Filho do homem.” (Mateus 24:27 – JFA)
Nessa altura colocará um ponto final na maldade e na corrupção causada
pelo pecado. De alguma forma a Sua justiça reiterará a decisão feita por cada
um em relação a Ele. Deus fará a vontade dos rebeldes que não O querem. Eles
viverão eternamente separados d’Ele.
Por causa dessa expectativa da segunda vinda de Jesus, a vida presente
está voltada para o alto: “Portanto,
se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto,
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não
nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta
juntamente com Cristo
Esperança
da glória
O apóstolo Paulo ao escrever aos cristãos
em Filipos tem esta magnífica declaração: “Agora me regozijo no
meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições
de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja; da qual eu fui constituído
ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, a
fim de cumprir a palavra de Deus, o mistério que esteve oculto dos séculos, e
das gerações; mas agora foi manifesto aos seus santos, a quem Deus quis fazer
conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que
é Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, admoestando
a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que
apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso também trabalho, lutando
segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente. “ (Colossenses 1:24-29).
“Cristo em vós, a
esperança da glória”. Que síntese extraordinária
do Evangelho de Jesus Cristo que nada nem ninguém pode assumir senão Ele. Esta
a força que anima a nossa vida, que nos pode levar a enfrentar todas as injustiças,
que pode levar-nos a amar os nossos inimigos, que pode levar-nos a perdoar aos
que nos ofendem, que nos pode dar perseverança para continuarmos a trabalhar em
favor uns dos outros, a servir o próximo em nome de Deus. Não há pessimismo
que possa resistir a semelhante realidade. É Cristo em nós que nos dá a
energia suficiente para vivermos a cada dia. Foi esta força de amor, de perdão
e de serviço que animou os mártires, que lhes deu ousadia e coragem para
enfrentar a morte e os carrascos. Foi animados por esta esperança que entraram
nas arenas romanas e nos calabouços da cortina de ferro e de bambu. Ainda hoje
existem muitos e muitos cristãos que assumem a sua fé nas circunstâncias mais
adversas e em meio à hostilidade e à perseguição mais feroz.
A
UNIDADE RESTAURADA
Uma das afirmações mais tocantes de
Jesus prende-se com o Seu desejo de que estejamos junto d’Ele, unidos a Ele, e
unidos entre nós por toda a eternidade. “E rogo não somente por estes, mas também por
aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um; assim
como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para
que o mundo creia que tu me enviaste. E eu lhes dei a glória que a mim me
deste, para que sejam um, como nós somos um; eu neles, e tu em mim, para que
eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me
enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim. Pai, desejo que
onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a
minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo.
Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheço; conheceram que tu me
enviaste; e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para
que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja.” (João 17:20-26 – JFA).
O mandamento do amor emerge de todo o Seu ensino e de toda a Sua missão.
N’Ele é reunido o que o pecado separou. N’Ele é restabelecido o que
o pecado rompeu. N’Ele é reconciliado o que o pecado corrompeu. N’Ele é
vivificado o que o pecado matou.
Desde já Jesus Cristo é quem nos une e derruba tudo o que dividia e
separava. “Não mintais uns aos outros,
uma vez que vos despistes do velho homem com o seus feitos, e vos revestistes do
novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que
o criou; onde não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão,
bárbaro, cita, escravo, livre: porém Cristo é tudo e em todos.” (Colossenses
3:9-11 – JFA) “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé
Essa unidade é visível na Igreja, corpo de Cristo: “Porque,
assim como o corpo é um, e tem muitos membros, sendo muitos, constituem um só
corpo, assim também com respeito a Cristo. (…) Ora, vós sois corpo de
Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.” (1 Coríntios 12:12,27
– JFA). “E pôs todas as coisas
debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à
igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as
coisas.” (Efésios 1:22,23 – JFA). Jesus veio constituir a família
divina, à qual todos têm possibilidade de pertencer, por meio daquilo que Ele
mesmo realizou pela Sua morte e ressurreição. O mundo é governado por elites
que usurpam para si uma parte substancial dos recursos e das vantagens, criando
profundas clivagens e assimetrias sociais, mas na família de Deus e na
eternidade não será assim. Isto não nos leva a encolher os ombros perante a
desigualdades à nossa volta. A Igreja desde sempre esteve envolvida no cuidado
dos mais desfavorecidos, a maior parte das vezes sendo constituída por pessoas
elas também de parcos recursos.
TUDO
CONVERGE PARA JESUS CRISTO
É por Ele que Deus o Pai determinou que todas as
coisas seriam restauradas. É para Ele que tudo converge. Ele não é apenas o
centro da História, Ele é a chave do sentido da História, tudo na História
é para Ele que converge e é d’Ele que todo o sentido é atribuído à História:
“para
a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as
coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra,” (Efésios 1.10 – JFA).
Um dos textos por excelência sobre a pessoa de Jesus Cristo, escrito pelo
apóstolo Paulo, faz menção deste plano glorioso de n’Ele serem
reconciliadas todas as coisas: “o qual
é imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criação; porque nele
foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi
criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem
todas as coisas; também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio,
o primogénito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque
aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que, havendo por ele feito
a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas
as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.”
(Colossenses 1:15-20 – JFA).
UMA
NOVA ORDEM
Esperamos novos céus e nova terra em que a justiça
habitará. “E
vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a
primeira terra, e o mar já não existe. E vi a santa cidade, a nova Jerusalém,
que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o
seu noivo. E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo
de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo,
e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não
haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as
primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse:
Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve; porque estas
palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: está cumprido: Eu sou o
Alfa e o Ómega, o princípio e o fim. A quem tiver sede, de graça lhe darei a
beber da fonte da água da vida. Aquele que vencer herdará estas coisas; e eu
serei seu Deus, e ele será meu filho. Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos,
e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos
idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e
enxofre, que é a segunda morte.” (Apocalipse 21.1-8 – JFA).
Não é a morte, a hecatombe, o desastre cósmico, o vazio e o nada
eterno que aguardamos. Em Jesus temos a expectativa da vida eterna.
Paulo pelo Espírito tem o arrojo de dizer
que se esperarmos em Cristo apenas nesta vida seremos os mais miseráveis de
todos os homens. Como estas palavras divergem do pouco ou nenhum valor atribuído
à eternidade hoje em dia, algumas vezes mesmo entre certos cristãos. “Se
é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais
dignos de lástima.” (1
Coríntios 15:19)
JESUS
A PRÓPRIA VIDA
O Evangelho de João é eloquente acerca de Jesus como
a própria vida. Começa logo no prólogo com esta declaração: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”
(João 1:4 – JFA). E termina, no último capítulo,
mostrando que o objectivo de todo o Evangelho é fornecer todos os sinais, todas
as evidências necessárias para que, crendo em Jesus como Filho de Deus, se
receba vida: “Jesus, na verdade, operou
na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão
escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus
é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João
20:30,31 – JFA). Quem não crê pelo que está escrito no Evangelho de João
nunca crerá, porque efectivamente não quer crer, não quer aceitar o facto de
que Deus se revelou fisicamente entre nós, porque decidiu que não quer aceitar
a existência de Deus: Criador, Sustentador, Redentor, Restaurador e Consumador.
Deus na Sua graça dispôs-se a ultrapassar todas as nossas objecções e todos
os argumentos do cepticismo – viveu entre nós, como homem. Perdidos da vida
em toda a sua dimensão, Aquele que é a vida, que criou a vida, que nos deu a
vida, veio e deu a Sua própria para que nós recebêssemos por Ele essa vida
eterna.
No capítulo catorze encontramos a sublime declaração da identidade de
Jesus como o caminho, a verdade e a vida – o único através do qual podemos
chegar ao Pai e, já gora, sermos Seus filhos, ou seja, tê-lO de facto como
nosso Pai. “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou
o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”
(João 14:6 – JFA). Na mesma linha Jesus apresenta-se como o pão da vida, a
água viva e a luz da vida: “mas aquele
que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que
eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.” (João
4:14 – JFA). “Declarou-lhes Jesus. Eu
sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê
em mim jamais terá sede.” (João 6:35 – JFA). “Eu
sou o pão da vida.” (João 6:48 – JFA). “Eu sou o pão vivo que
desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que
eu darei pela vida do mundo é a minha carne.” (João 6:51 – JFA).
“Então
Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo
algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12 – JFA).
Inúmeras vezes nós encontramos neste evangelho a declaração de que é
n’Ele que temos acesso à vida eterna. Esta verdade é transversal a todo o
Novo Testamento em consonância com o Velho Testamento, em sintonia com a
verdade de que Ele é Deus e é de Deus que recebemos a vida:
“para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou
o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho
ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por
ele.” (João 3:15,16 – JFA).
“Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho
não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (João 3:36 – JFA).
“Pois, assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá vida, assim também o
Filho dá vida a quem ele quer.”
(João 5:21 – JFA).
“Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou
da morte para a vida.” (João 5:24 – JFA).
“Pois assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho
ter vida em si mesmos;” (João 5:26 – JFA).
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são
elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida!” (João 5:39,40 – JFA).
“Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e
crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:40 – JFA).
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras
que eu vos tenho dito são espírito e são vida.”
(João 6:63 – JFA).
“O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que
tenham vida e a tenham em abundância.”
(João 10:10 – JFA).
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;
eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da
minha mão.” (João 10:27,28 – JFA).
“Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim,
ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá.
Crês isto?” (João 11:25,26 – JFA).
“Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é
chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te glorifique;
assim como lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a
todos aqueles que lhe tens dado. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti,
como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (João 17:1-3 – JFA).
Quando nos separámos de Deus perdemos a vida espiritual, vida com abundância,
a vida eterna que d’Ele emana e flui. Nada pode substituir esta vida. A vida
biológica que recebemos dos nossos pais não nos basta. Precisamos da vida que
só Deus nos pode dar. É esta vida, que é o próprio Jesus, de que carecemos e
Ele está disposto a dar-nos, se a pedirmos.
A essência do Evangelho aponta para a eternidade. No
tempo, hoje, aqui e agora, recebemos já a vida eterna, mas o que dela
experimentamos ainda é em parte, só na eternidade usufruiremos de toda a sua
plenitude. É por isto que o apóstolo Paulo pode exclamar, a respeito de si
mesmo: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro.” (Filipenses 1:21). E noutro texto a respeito de todos
os filhos de Deus: “Porque sabemos que,
se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício,
uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. Pois neste tabernáculo nós
gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu, se
é que, estando vestidos, não formos achados nus. Porque, na verdade, nós, os
que estamos neste tabernáculo, gememos oprimidos, porque não queremos ser
despidos, mas sim revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora,
quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu como penhor o Espírito.
Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos presentes no
corpo, estamos ausentes do Senhor (porque andamos por fé, e não por vista);
temos bom ânimo, mas desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos
presentes com o Senhor. Pelo que também nos esforçamos para ser-lhe agradáveis,
quer presentes, quer ausentes. Porque é necessário que todos nós sejamos
manifestos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por
meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal.” (2 Coríntios
5:1-10).
Toda a Bíblia nos alerta para a necessidade de considerarmos a nossa vida
à luz da realidade da vida que continua depois da morte e que
ARREPENDIMENTO
E CONVERSÃO
A mensagem de Jesus há dois mil anos atrás começou
com uma interpelação dos homens e das mulheres, dos religiosos judeus e dos
pagãos, dos judeus e dos samaritanos, dos judeus e dos gentios, de todos
indistintamente, ao arrependimento e à conversão. “Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus.” (Mateus 4:17 – JFA).
A mensagem da Igreja, surgida no dia de
Pentecostes, tem a mesma nota, quando a multidão se interroga sobre o que deve
fazer perante os factos da morte e ressurreição de Jesus: “Saiba
pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compungiram-se
em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos,
irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja
baptizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e
recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos pertence a vós, a
vossos filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus
chamar. E com muitas outras palavras dava testemunho, e os exortava, dizendo:
salvai-vos desta geração perversa.”
(Actos 2:36-40 – JFA).
A mesma ênfase encontramos
Como necessitamos hoje efectivamente de nos convertermos a Deus, à Sua
santidade, ao Seu amor, à Sua graça, à Sua justiça, à Sua misericórdia, ao
Seu padrão de vida. Precisamos arrepender-nos do vazio de uma vida sem Deus, de
um humanismo balofo e fracassado, a uma vida vivida em Deus e para Deus.
Precisamos arrepender-nos de uma vida centrada no materialismo e no naturalismo
para uma vida vivida segundo a vontade do Criador. Precisamos arrepender-nos de
um relativismo sem bem nem mal, sem certo nem errado, sem verdade nem mentira,
para os padrões divinos expressos e vividos na própria pessoa de Deus entre nós
– Jesus Cristo. É preciso arrepender-nos de uma vida confinada ao tempo, efémera
e passageira, sem horizontes a não ser os da morte, para uma vida eterna que
nos é oferecida em e por Jesus. A História humana é suficiente para
demonstrar que não vale a pena viver sem a certeza da vida eterna! É preciso
inverter o rumo: não viver a caminho da morte, mas no caminho que é vida que
permanece. Nem ateus, nem agnósticos, nem religiosos, nem indiferentes, mas
Jesus Cristo entre nós servindo-nos a vida eterna!
É preciso arrependimento do pecado e conversão para a santidade divina.
GRAÇA
E FÉ, AMOR E ESPERANÇA
Quanto mais o homem é desvalorizado como animal
e como máquina, quanto mais a competência é a forma de sobrevivência numa
sociedade de competição desenfreada, quanto mais os homens são colocados à
margem como lixo quando não servem mais à trituradora do sistema económico,
é urgente colocar a nossa atenção e a nossa convicção na graça divina, no
Seu amor incondicional. É preciso um outro homem, uma outra sociedade, uma
outra família. O paradigma humano não pode ser determinado pela bolsa de
valores, pelo cinema ou pelo desporto. O paradigma humano está no próprio
Criador que nos fez à Sua imagem e semelhança e se deu a conhecer
O cepticismo mata, a fé na fé decepciona, a fé no homem ilude, só a fé
em Jesus confere e alimenta a vida eterna.
Nem o determinismo genético, nem o determinismo social e económico, nem
o determinismo astrológico, nem o fatalismo materialista e naturalista; mas a
esperança que emana de Jesus Cristo. Não há esperança no ateísmo, nem no
agnosticismo, nem na religiosidade humanista, nem na indiferença secularizada.
Em Jesus temos a esperança da glória: “Cristo
em vós, a esperança da glória.” (Colossenses 1:27 – JFA).
A
GLÓRIA DE DEUS
Se o pecado nos destituiu da glória de Deus, conforme declara o apóstolo
Paulo: “pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos
6:23); a graça de Jesus nos restitui a essa glória da qual o homem foi
originalmente vestido e pelo pecado despido: “E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho,
a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria
imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (2 Coríntios 3:18 – JFA).
Jesus voltará em toda a Sua glória: “Então
se verá o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória.” (Lucas
21:27 – JFA); e nós O veremos, como Pedro, Tiago e João O viram no monte da
transfiguração: “Seis dias depois,
toma Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João, e os leva, em
particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto
resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.” (Mateus
17:1,2 – JFA); e como João O viu no dia do Senhor, em visão, quando
deportado na Ilha de Patmos: “Voltei-me
para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro, e, no meio
dos candeeiros, um semelhante a filho do homem, com vestes talares, e cingido à
altura do peito com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como
a alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés semelhantes ao
bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz como a voz de muitas águas.
Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de
dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força. Quando o vi, caí a
seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não
temas; eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis
que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do
inferno.” (Apocalipse 21:12-18 – JFA).
Diante deste quadro apenas podemos fazer coro com as últimas exclamações
da Bíblia Sagrada: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente venho sem
demora. Amem. Vem, Senhor Jesus.” (Apocalipse 22:20 – JFA). Até lá
continuemos a segui-lO em fé, no amor, no perdão e no serviço a Ele, uns nos
outros: “Portanto, meu amados irmãos,
sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que no
Senhor, o vosso trabalho não é vão.” (1 Coríntios 15:58 – JFA).
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Verdade, Amor, Razão, Merecimento
Qualquer alma farão segura e
forte;
Porém, Fortuna, Caso, Tempo e
Sorte
Têm do confuso mundo o regimento.
Efeitos mil revolve o pensamento,
E não sabe a que causa se reporte;
Mas sabe que o que é mais que vida
e morte
Que não o alcança humano
entendimento.
Doutos varões darão razões
subidas,
Mas são experiências mais
provadas,
E por isso é melhor ter muito
visto.
Cousas há i que passam sem ser
cridas,
E cousas cridas há sem ser
passadas;
Mas o melhor de tudo é crer em
Cristo.