Ó
Senhor, nosso Deus,
como
é admirável o teu nome em toda a terra!
Adorarei
a tua majestade mais alta do que os céus,
pela
boca das crianças e dos pequeninos.
Levantaste
uma fortaleza contra os teus inimigos,
para
fazer calar todo aquele que se opõe a ti.
Quando
contemplo os céus, obra das tuas mãos,
e
a Lua e as estrelas que tu criaste, penso;
que
é o homem, para que te lembres dele?
Que
é o ser humano, para que te preocupes com ele?
Contudo,
fizeste-o quase como um deus
e
encheste-o de honra e dignidade.
Deste-lhe
autoridade sobre as tuas obras,
colocaste
tudo sob o seu poder;
ovelhas
e bois e animais selvagens;
as
aves que voam no céu, os peixes e tudo
o
que existe no mar.
Ó
Senhor, nosso Deus,
como
é admirável o teu nome em toda a terra!
Salmo 8
“Se
o universo inteiro não tem sentido, nunca deveríamos ter descoberto que não
tem sentido: se não existisse luz no universo, consequentemente, nenhuma
criatura com olhos saberia que estava escuro. A escuridão
não teria sentido.”
C. S.
Lewis, Mere Christianity (Nova York:
HarperCollins, 2001, reedição; primeira edição, 1952), p. 39. Citado por
Ravi Zacharias & Norman Geisler,
FILHOS
DO ACASO?
Talvez não seja exagero
dizer que vivemos num tempo e numa geração sem ideais, sem bandeiras, sem
causas. Há uma crise, mas ela é muito mais do que uma crise de civilização e
cultura, trata-se de uma crise existencial e da essência da natureza e da
identidade do homem. Ninguém sabe muito bem para onde está indo. Pior, é a
identidade do ser humano que está em crise. Quem somos? De onde viemos? Para
onde vamos? Muitos enterram a cabeça na areia. Outros disfarçam a preocupação
e a inquietação mergulhando no divertimento fácil e no radical gratuito. O
ter e o parecer sobrepujam o ser. Mas como ser, se
de imagem e semelhança de Deus o homem se vê hoje como “primo” do macaco?
Na minha opinião é nítido que o problema espiritual da sociedade e do
homem contemporâneo é a falta de sentido, de propósito e de valor que marca a
existência humana, com todas as repercussões que daí advêm na cultura, na
sociedade, na política, na economia, na moral, nos relacionamentos, nas
prioridades, nas motivações, na consciência, no seio da família, no exercício
profissional. Julgo que a razão de ser da vida da pessoa marca todas as dimensões
da sua vida.
Uma vida sem sentido representa o pior de todos os atentados à
identidade humana e à dignidade da pessoa. Não existe genuína educação e
formação onde não existe o fundamento da razão de ser, de estarmos vivos e
de sermos quem somos. A matéria e a energia por si só, o naturalismo, seja ele
filosófico ou científico, não são suficientes para alimentarem a razão de
ser do homem. Valores morais e éticos só existem, de facto, quando estão
ancorados num propósito que preside à vida humana. Qualquer desígnio digno
desse nome tem que superar a própria morte e projectar-se para a eternidade.
Roubar à criança, ao adolescente, ao jovem, ao adulto e ao
idoso o sentido da sua vida é um atentado e uma afronta. Não há cultura que
subsista onde o absurdo, o acaso e o acidente sejam colocados por alicerce. É
que eles não têm consistência, são incapazes de suportar a existência. A
lei do absurdo empurra o homem para o abismo. Uma vida sem sentido, com um
sentido ilusório ou com um sentido egoísta, hedonista e materialista, faz do
homem um morto vivo, seja ele criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso. O
presente modelo de educação e a tendência que se desenha em termos do futuro,
não augura nada de positivo. É necessário reconsiderar a nossa origem, é
preciso revalorizar o nosso sentido, propósito e valor.
Os slogans da nossa cultura são: “segue o que sentes”, “anda pelo que o teu coração diz”, “tudo é relativo”, “ninguém manda em mim”, “não temos escolha”, “não guardes para amanhã o que podes fazer hoje”, …
Sem plano, sem desígnio e sem norte, a vida
é vivida ao acaso. Olhamos à nossa volta e os sinais são mais do que
preocupantes desse cancro que se instalou na educação, nos meios de comunicação,
na arte, no cinema, mesmo que de uma forma ainda nem sempre totalmente explícita,
mas muito implícita. Cada vez mais nos deparamos com posturas, com atitudes e
com decisões individuais marcadas por raciocínios determinados pela negação
do sentido e de propósito eternos na identidade humana. Cada vez mais nos
deparamos com verdadeiros atentados, para não dizer crimes, das pessoas contra
si próprias, contra os que lhes são mais próximos na família, entre os
amigos e colegas, contra o meio ambiente.
A educação falha redondamente quando não tem nenhuma referência que
alimente, suporte e anime a existência do indivíduo. As ideias humanistas da
filosofia, da literatura e da arte aprisionam o homem dentro das suas próprias
fronteiras e impedem-no de ver mais longe, além do seu umbigo, para lá dos
seus limites. A ciência prisioneira do naturalismo e do materialismo impõe às
origens do ser humano o nada, o acaso, e as leis da física e da química. O
sentido quando é formulado não vai além do pó, do momento presente, dos
interesses particulares, tem apenas o tamanho do umbigo do indivíduo.
Lidamos cada vez mais dentro do espaço escolar com uma população
vazia, sem projecto de vida, sem objectivos, desmotivados ou com horizontes
apenas alimentados pelas vistas curtas do imediato, do efémero, das relações
ocasionais, da procura do prazer a qualquer preço e sem qualquer
responsabilidade. Há um sabor acre a inutilidade na vida de muita gente.
Certamente que existem ainda muitas pessoas que têm sonhos e planos para o seu
futuro a curto, médio e longo prazo, mas poucos são os que os formulam em função
do que perdura para lá do tempo. O sentido da imortalidade e da eternidade
esfumou-se e com ele as fontes primordiais da solidariedade, da abnegação e do
espírito de sacrifício.
Acreditar ou não acreditar em Deus faz toda a diferença. Ou se pensa
que tudo se resume a nós mesmos ou há uma Pessoa, um Ser, Alguém que se
interessa por nós, que nos criou à Sua imagem e semelhança, que nos ama, que
vem ao nosso encontro e dá a Sua vida por nós, para que não apenas O conheçamos,
mas possamos desfrutar do Seu amor, para o qual
fomos criados. É precisamente isto que reivindica, defende e demonstra
sobejamente o Evangelho e a História do cristianismo, feita por todos aqueles
que
Vale a pena viver porque a vida tem um sentido, porque fomos
criados para nos relacionarmos com um Deus pessoal e eterno, santo, amoroso,
justo e bondoso, humilde e generoso. O cristianismo assenta no facto explicado
pela revelação bíblica de que o próprio Deus deu a Sua vida pela humanidade.
Mesmo quando se morre numa cruz a vida faz todo o sentido quando é vivida no
plano de Deus, tendo em vista a eternidade. O Criador restitui-nos o sentido da
vida como nosso Redentor.
De si próprio Jesus apresentou a sua declaração de missão:
O ladrão não vem senão
para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a
tenham em abundância. (João 10:10)
Em outra ocasião fez a
citação de um texto profético do Antigo Testamento, e afirmou que era d’Ele
que a passagem falava e que ela se cumprira, naquele mesmo momento, diante dos
seus ouvintes:
O Espírito do Senhor
tomou posse de mim, por isso me escolheu para levar a boa nova aos pobres.
Enviou-me para anunciar a libertação aos prisioneiros, para dar vista aos
cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e para proclamar o tempo favorável
do Senhor. (Lucas
4:18)
Consideramos que temos
evidências mais do que suficientes para saber que Deus existe, mas acima de
tudo para saber quem Ele é, conhecendo-O
de modo pessoal através de Jesus Cristo, a pessoa central da História. Se por
um lado podemos dizer que a convicção da existência de Deus faz toda a
diferença, também não é menos certo e a História e o tempo presente
provam-no de sobejo, que é preciso saber quem é esse Deus que na realidade
existe, quem é o rosto que verdadeiramente nos mostra Deus. Alguns críticos da
religião, hoje em dia, acusam-na e acusam a Deus de ser o pior de todos os
inimigos do homem e apontam as situações de intolerância e fundamentalismo
terrorista, para fundamentar as suas opiniões, bem pouco rigorosas do ponto de
vista histórico. O século passado foi pródigo em demonstrar como regimes
inspirados e alimentados pelo ateísmo militante, conceberam e realizaram
ataques hediondos contra os seus próprios concidadãos e puseram em risco a paz
mundial.
O único Deus verdadeiro que se mostrou em carne e osso, para que não
tivéssemos dúvida alguma dos Seus atributos, é Aquele que se deu a conhecer
O retrato de Deus não está em nenhum catecismo, em nenhum conjunto de
regras e princípios morais por mais elevados que sejam. A revelação do Deus
criador dos céus e da terra, é pessoal e está de corpo inteiro na pessoa de
Jesus Cristo. Esta é a imagem de marca, exclusiva e singular do cristianismo.
Em Jesus temos o Deus que reprova e condena o pecado, mas ama e perdoa o
pecador. Em Jesus temos o Deus que não encolhe os ombros perante a desgraça do
homem. Em Jesus temos o Deus que não fica à distância. Em Jesus temos o Deus
que nos aceita incondicionalmente. Em Jesus temos o Deus que denuncia, com todas
a letras, as consequências do pecado humano. Em Jesus temos o Deus que
desmascara os Seus pretensos representantes, mas que efectivamente não O
conhecem e se encontram nas antípodas do Seu coração e da Sua essência. Em
Jesus temos o Deus que não maquilha a rebeldia e a desobediência humanas. Em
Jesus não temos um Deus politicamente correcto que veio para agradar a todos e
dizer aquilo que queremos e gostamos ouvir. Em Jesus temos o Deus que nos chama,
que nos convoca ao arrependimento, à mudança de vida. Mudar de vida é possível
diante de Jesus Cristo. Ele tem o poder que nós não temos. Ele tem a vontade
que nós nem sempre temos. É possível começar a viver uma vida com sentido,
é possível inverter o rumo da caminhada.
Começamos por considerar que nós mesmos, a nossa inteligência, consciência,
razão e pensamento mostram-nos que somos muito mais do que a matéria e a
energia podem explicar.
Entendemos que a natureza à nossa volta é suficiente para
nos dar o testemunho de que tudo o que existe não pode ter aparecido
casualmente, sem qualquer processo inteligente. Só temos duas opções em relação
às nossas origens: ou o nada ou Deus, correndo o risco de, recusando um Deus
pessoal, transformarmos o nada
Acredito que a minha inteligência é uma evidência de que
existe uma Inteligência que dá sentido e propósito a tudo o que existe. E
essa Inteligência é pessoal, amorosa, benigna, gentil, justa, perfeita, santa.
E essa Pessoa não é distante, longínqua, indiferente à nossa história, e à
nossa condição; antes pelo contrário entrou na história, assumiu a condição
humana e abriu o caminho da nossa salvação, do retorno à sensatez, à inteligência
espiritual, ao propósito, ao sentido e ao desígnio da nossa existência.
É impossível explicarmos a origem de Deus, porque Deus é
eterno e portanto sem origem, ao contrário do homem que tem n’Ele a sua
origem. Ele é a origem de tudo o que existe. Ele é o Criador de todas as
coisas. Mas não é possível admitir que o nada deu origem a tudo o que somos e
vemos à nossa volta, de todo o universo numa vastidão impossível de alcançar
pela nossa imaginação e pelos potentes telescópios que os astrónomos
conceberam.
Tenho que confessar que nas muitas leituras que ao longo da
vida fui fazendo acerca do que os cientistas e filósofos escreveram acerca das
nossas origens, muitas dessas ideias não as consegui efectivamente entender,
estavam muito para lá daquilo que podia perceber. Não é por causa disso que
me refugiei em Deus, mas fico muito satisfeito pelo facto de Deus não ter
falado de tal forma que só alguns poucos entendidos pudessem entender as Suas
explicações. Julgo mesmo que se Deus tivesse traduzido a criação do mundo e
da vida em fórmulas matemáticas, físicas e químicas, os cientistas de todos
os tempos ainda estariam e continuariam indefinidamente a tentar decifrá-las.
Agora a verdade é que a vida, o relacionamento humano e o
relacionamento com Deus não pode ser vivido a partir de fórmulas. O mundo não
foi criado para ser vivo e desfrutado em função das fórmulas. Não
desconsidero com isso a ciência e a tecnologia, a matemática e a filosofia. Há
muito mais vida para lá dos livros de ciência, de matemática, de física, de
química e de astronomia.
Deus deixou-nos a tarefa de procurarmos desvendar o mundo à
nossa volta e dentro de nós mesmos, mas deu-nos a Sua Palavra para que nunca
nos percamos no desvario de pensarmos que somos fruto do nada.
Segundo a Bíblia a natureza é suficiente para nos dar
testemunho acerca da existência divina, do Seu poder, da Sua suprema inteligência,
da Sua soberania, de um desígnio e propósito, de um sentido para a vida e para
tudo o que existe. Mesmo que existíssemos metidos numa redoma ou encerrados
numa prisão que nos privasse do contacto com a natureza, ainda assim, nós
mesmos – a nossa inteligência, os nossos sentidos, a nossa consciência,
seriam por si só suficientes para nos colocarem diante da questão da existência
de Deus. A nossa existência pessoal coloca-nos perante o mistério da vida e
este só faz sentido no Criador.
É nestes termos que o apóstolo
Com efeito, Deus
manifesta a sua ira divina contra toda a impiedade e injustiça cometida por
aqueles que, pela sua injustiça, não deixam que se conheça a verdade. Deus
castiga-os porque eles conhecem bem aquilo que se pode conhecer a respeito de
Deus. Pois também a eles Deus se deu a conhecer. De facto, desde a criação do
mundo, Deus que é invisível mostrou claramente o seu poder eterno e a sua
divindade nas suas obras. Por isso não têm desculpa. Eles sabiam que Deus
existe mas não o adoraram nem lhe deram graças como é devido. Pelo contrário,
os seus raciocínios tornaram-se vazios e os seus corações insensatos,
perderam-se na escuridão. Dizem-se sábios mas não têm juízo. Em vez de
darem glória ao Deus imortal, adoraram imagens do homem mortal e até adoraram
imagens de aves, serpentes e outros animais. (Romanos 1:18-23).
A nossa cultura, a nossa
civilização, toda a ciência e tecnologia que nos permitem viver hoje em dia
como vivemos, são uma demonstração cabal da necessidade de inteligência, de
desígnio, de plano e de propósito.
Mas, para nós, a prova por excelência da existência de Deus e do Seu
amor incondicional, é a Sua presença entre nós na pessoa de Jesus Cristo –
Deus connosco. Quando ouvimos as palavras que proferiu, quando escutamos as
reivindicações que fez acerca de Si mesmo, quando apreciamos os Seus milagres,
quando nos deparamos com os Seus valores e princípios espirituais e morais, não
temos outra alternativa senão em consciência reconhecermos que Deus veio ao
nosso encontro. Os próprios textos históricos relativos à pessoa de Jesus
Cristo dão disso um testemunho claro e objectivo.
O apóstolo João, no prólogo do evangelho que traz o seu nome, traduz
esta verdade histórica da presença de Deus entre nós, de um modo muito
intenso:
No princípio era a
Palavra.
A Palavra estava com
Deus,
e a Palavra era Deus.
Aquele que é a Palavra
estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram
feitas por meio dele,
e sem ele nada foi
criado.
Nele estava a vida,
vida que era a luz dos homens.
A luz brilha nas
trevas,
trevas que a não
venceram.
Houve um homem enviado
por Deus que se chamava João.
Ele veio para dar
testemunho,
para dar testemunho da
luz,
para que todos cressem
por meio dele.
João não era a luz,
mas foi enviado para
dar testemunho da luz.
Aquele que era a
Palavra era a luz verdadeira;
Ele ilumina toda a
gente ao vir a este mundo.
Ele estava no mundo,
mundo que foi feito por
ele.
O mundo não o
conheceu.
Ele veio para o seu próprio
povo,
e o seu povo não o
recebeu.
Mas a todos quantos o
receberam,
aos que crêem nele,
deu-lhes o poder de se
tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram de
laços de sangue,
nem da vontade da
carne,
nem da vontade do
homem,
mas nasceram de Deus.
A Palavra fez-se homem,
e veio habitar no meio
de nós,
e nós contemplámos a
sua glória,
como glória do Filho
único do Pai,
cheio de graça e de
verdade.
João deu testemunho
dele ao proclamar: “Era deste que eu dizia: Aquele que vem depois de mim é
mais importante do que eu, porque já existia antes de mim.” Todos nós
participámos da abundância dos seus bens divinos e recebemos continuamente as
suas bênçãos. É que a Lei foi-nos dada por intermédio de Moisés, mas a graça
e a verdade vieram por Jesus Cristo. Nunca ninguém viu Deus. Só o Deus único,
que está no seio do Pai, o deu a conhecer. (João 1:1-18)
No entanto é na nossa própria experiência, quando atendemos ao convite
que Jesus Cristo nos estende, que temos a prova definitiva, final e conclusiva
acerca de quem Ele é, e do que Deus quer e pretende para a nossa vida.
É assim que Mateus escreveu no evangelho que nos deixou:
Venham ter comigo todos
os que andam cansados e oprimidos e eu vos darei descanso. Aceitem o meu jugo e
aprendam comigo, que sou manso e humilde de coração. Assim o vosso coração
encontrará descanso, pois o meu jugo é agradável e os meus fardos são
leves.” (Mateus
11:28-30)
Para Deus nenhum de nós nasce por acaso! Podemos ser resultado de um
acto físico desprovido de afecto e de carinho, podemos ter vindo à existência
sem ter sido queridos pelos nossos progenitores, mas podemos ter a certeza
absoluta, pelas palavras de Jesus Cristo, que fomos e somos desejados por Deus.
Viemos à existência porque Ele quis. Mas mais do que isso podemos passar a
ser, para lá de criaturas, filhos de Deus através do Filho que Ele nos deu –
Jesus Cristo! Ele veio para fazer de nós filhos de Deus, sem qualquer acepção!
É que quando alguém
está unido a Cristo torna-se uma pessoa nova. As coisas antigas passaram. Tudo
é novo. Isto é obra de Deus que, em Cristo, nos reconciliou consigo e nos
chamou a colaborar nessa missão de reconciliação. Assim, Deus por meio de
Cristo, reconciliou consigo a Humanidade, não tendo em conta os seus pecados e
encarregando-nos de anunciar a palavra da reconciliação. Portanto, somos
embaixadores de Cristo e é Deus que exorta por nosso intermédio. Em nome de
Cristo vos pedimos, irmãos, que se reconciliem com Deus. Cristo não tinha
cometido pecado, mas Deus, para nosso bem, tratou-o como pecador para que nós,
em união com ele, pudéssemos ser considerados justos por Deus. (2
Coríntios 5:17-21)
O apóstolo João é enérgico e taxativo acerca da filiação dos que
vivem a partir de Jesus Cristo:
Vejam com que amor o
Pai nos amou, a ponto de sermos chamados filhos de Deus! E somos seus filhos
realmente! É por isso que o mundo não nos conhece, uma vez que não conhece a
Deus.
Queridos amigos, agora
somos filhos de Deus, mas aquilo que havemos de ser ainda não é totalmente
claro. O que sabemos é que, quando Jesus aparecer, havemos de ser iguais a ele,
porque havemos de o ver tal como ele é. Todo aquele que tem esta esperança
purifica-se para ser puro como ele. (1 João 3:1-3)
Não
decidimos existir. Ninguém nos perguntou se queríamos ou não viver. Não
escolhemos os nossos pais, a nossa família, a nossa nacionalidade, a nossa raça,
a nossa língua. Há tantas circunstâncias que não escolhemos. Mas a questão
não se fina por aqui. Através de Jesus Cristo podemos escolher Deus como Pai,
podemos escolher ser filhos de Deus, podemos escolher a família que é a Igreja
a que pertencer, podemos escolher o nosso futuro eterno, podemos assumir o
sentido e propósito para o qual fomos criados. A questão não reside em
existir ou não, mas que existência podemos ou não viver. As alternativas estão
em aberto e
O futuro existe em função
das origens. Quando o nada é entendido como a origem de tudo o que existe, o
futuro voltará a esse mesmo nada, e podemos concluir com toda a evidência do
que esta cultura está a criar, que o presente também tem o sabor desse nada,
desse vazio, dessa morte eterna. A Palavra de Deus também denuncia o facto de
que o pecado humano gera a morte. Não é novidade para a Bíblia que uma vida
sem Deus, uma vida atolada no que é a essência do pecado, é uma vida marcada
e destinada à morte.
O apóstolo
Todos pecaram e estão
privados da glória de Deus. (Romanos 3:23)
Com efeito, o pecado
paga-se com a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em união com
Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 6:23)
Ao contrário, o futuro
do cristão é pleno de esperança. Aguardamos uma eternidade de bem-aventurança
em que seremos compensados de todo o sofrimento, toda a dor, todas as lágrimas,
toda a desventura que possamos ter vivido aqui e agora. Não vivemos para a
morte mas para a vida. A vida que temos em Jesus é eterna, a morte física não
tem poder sobre ela. Jesus falou de si mesmo precisamente nestes termos. Ninguém
poderia ter dito o que Jesus disse, no seu perfeito estado de saúde mental, sem
ser Deus, o que Jesus provou ser de sobejo:
Jesus então
declarou-lhe: “Eu sou a ressurreição e a vida. O que crê em mim, mesmo que
morra viverá. E todo aquele que está vivo e crê em mim, nunca mais há-de
morrer. Crês tu nisto?” (João 11:25,26)
O último livro da Novo Testamento, chamado de Apocalipse, em
consonância com outros textos no Velho Testamento, faz uma bela descrição do
futuro eterno que aguarda todos os que têm o sentido da sua vida em Jesus
Cristo:
Vi então um novo céu
e uma nova Terra; de facto o primeiro céu e a primeira Terra desapareceram e o
mar já não existe. O primeiro céu e a primeira Terra tinham desaparecido e o
mar já não existe.
E vi descer do Céu, de
junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém. Vinha linda como uma noiva que
se prepara para ir ao encontro do noivo. E ouvi uma voz forte que vinha do lado
do trono: “Esta é a morada de Deus junto dos homens. Ele habitará com eles e
eles serão o seu povo. É este Deus que estará com eles. Ele enxugará todas
as lágrimas dos seus olhos e já não haverá mais morte nem luto nem pranto
nem dor porque as primeiras coisas desapareceram.”
E o que estava sentado
no trono disse: “Agora faço tudo novo.” E acrescentou: “Escreve que estas
palavras são verdadeiras e dignas de confiança.” E disse-me ainda: “É um
facto. Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim. Ao que tem sede dou-lhe a
beber de graça da fonte das águas vivas. Aquele que vencer receberá estas
coisas em herança. Eu serei o seu Deus e ele será o meu filho. Mas todos os
cobardes, infiéis, depravados, assassinos, desonestos, feiticeiros, idólatras
e todos os mentirosos terão o seu lugar no lago de enxofre de fogo, que é a
segunda morte.” (Apocalipse
21:1-8)
Como cristãos não desvalorizamos o presente. Antes bem pelo
contrário. Consideramos que o tempo presente é uma oportunidade extraordinária
para provarmos Deus, para experimentarmos o Seu amor em meio às contrariedades
que surgem pelo caminho e que fazem parte da condição humana. O amor de Deus
também é o estímulo por excelência para valorizarmos o presente,
valorizarmos as pessoas, contribuindo para o bem comum, sermos solidários,
importarmo-nos uns com os outros, lutarmos contra as injustiças, colaborarmos
na construção de um mundo melhor, considerarmos o nosso próximo, afirmarmos a
dignidade de toda a pessoa humana independentemente da sua cultura, raça,
inteligência, grau académico, percurso de vida e posição social.
Jesus viveu e convocou os Seus seguidores a amarem o seu próximo como a
si mesmos, a servirem, a interessarem-se pelos outros, a serem amigos, a amarem
os próprios inimigos, a perdoarem, a serem pacificadores. Paremos um pouco para
pensar como o mundo seria se todos vivessem em conformidade com estes princípios.
Mas Jesus não apenas disse como deveríamos viver, Ele mesmo viveu dessa forma
como exemplo e modelo perfeito. Mas Jesus foi ainda mais longe, e
proporcionou-nos uma transformação interior e a presença do Seu Espírito
para que, dessa maneira, nos seja possível viver à altura do Seu ensino. Mesmo
assim não somos aceites pela nossa competência e desempenho, mas com base no
Seu amor incondicional.
Pois também o Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
por muitos. (Mateus
20:28)
Quem não conhece a parábola, a ilustração que Jesus contou, chamada
do bom samaritano?
Um certo doutor da lei,
que queria experimentar Jesus, levantou-se e fez-lhe esta pergunta. “Mestre,
que devo fazer para ter direito à vida eterna?” “Que diz a Escritura acerca
disso?”, respondeu-lhe. “Como é que entendes?” E ele disse: “Ama o
Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a alma, com todas as forças
e com todo o entendimento. E ama o teu próximo como a ti mesmo.” Jesus
comentou: “Respondeste bem. Faz isso e alcançarás a vida.” Mas o doutor da
lei, querendo justificar-se, tornou a perguntar: “E quem é o meu próximo?”
Então Jesus contou o seguinte: “Ia um homem a descer de Jerusalém para Jericó.
Caíram sobre ele uns ladrões que lhe roubaram roupa e tudo, espancaram-no e
foram-se embora deixando-o quase morto. Por casualidade, descia um sacerdote por
aquele caminho. Quando viu o homem passou pelo outro lado. Também por lá
passou igualmente um levita que, ao vê-lo, se desviou. Entretanto, um
samaritano que ia de viagem passou junto dele e, ao vê-lo, sentiu compaixão.
Aproximou-se, tratou-lhe os ferimentos com azeite e vinho e pôs-lhe ligaduras.
Depois colocou-o em cima do seu jumento, levou-o para uma pensão e tratou dele.
No outro dia, deu duas moedas de prata ao dono da pensão e mandou-lhe: “Cuida
deste homem, e quando eu voltar pago-te tudo o que gastares a mais com ele.”
Jesus perguntou então ao doutor da lei: “Qual dos três te parece que foi o
próximo do homem assaltado pelos ladrões?” E ele respondeu: “O que teve
compaixão dele.” Jesus concluiu: “Então vai e faz o mesmo.” (Lucas
10:25-36)
Se por um lado o
sofrimento e a dor, as catástrofes naturais e as epidemias, são um argumento
muitas vezes brandido contra
a existência de um Deus pessoal todo-poderoso e todo amor, por outro lado, só
a existência desse mesmo Deus pessoal, todo-poderoso e amor, dá-nos a convicção
de que o presente estado de coisas será superado e virá uma nova era em que
todas essas consequências do conflito com Deus serão banidas, para todos os
que aceitaram
No cristianismo, diante da cruz de Jesus Cristo, contemplamos
um Deus pessoal que sabe o que é o sofrimento, porque o assumiu sobre Si mesmo
de livre e espontânea vontade, para nos devolver à Sua companhia por toda a
eternidade. Temos um Deus que na forma humana experimentou a morte. Por estranho
que possa parecer o Deus revelado
Um dia Jesus encontrou
no seu caminho um homem cego de nascença. Os discípulos perguntaram-lhe:
“Mestre, quem foi que pecou para este homem ter nascido cego? Ele ou os
pais?” Jesus explicou: “Nem pecou ele nem os pais, mas é para que o poder
de Deus se possa manifestar através dele. Precisamos de fazer, enquanto é dia,
as obras daquele que me enviou. Vem a noite e já ninguém pode trabalhar.
Enquanto estiver neste mundo, sou a luz do mundo.” (João 9:1-5)
O nada, a morte, a ausência de sentido e propósito produzirão
em última instância mais indiferença, apatia, egoísmo em relação à miséria
e ao sofrimento dos homens. Um mundo governado pelo naturalismo, pela indiferença
para com Deus, tornar-se-á cada vez mais parecido com o inferno. É a Igreja e
os seguidores efectivos de Jesus Cristo que fazem (devem fazer) a diferença.
É isto mesmo que
Que o vosso amor seja
sincero. Detestem o mal e pratiquem o bem. Amem-se como irmãos e ponham os
outros sempre em primeiro lugar. Trabalhem e não sejam preguiçosos. Sirvam o
Senhor com dedicação e fervor. Sejam alegres na esperança que têm. Tenham
coragem nos sofrimentos e nunca deixem a oração. Repartam com os crentes
necessitados e recebam bem os que procuram hospitalidade. Peçam a Deus que abençoe
aqueles que vos tratam mal. Peçam para eles bênçãos e não maldições.
Alegrem-se com os que estão alegres e chorem com os que choram. Vivam em
harmonia de sentimentos. Não procurem honrarias, mas aceitem as ocupações
mais humildes. Não se envaideçam com aquilo que sabem. Não paguem o mal com o
mal. Procurem antes fazer o bem diante de todos. Façam tudo o que for possível
da vossa parte para viverem em paz com toda a gente. Meus caros irmãos, não façam
justiça por vossas mãos. Deixem que seja Deus a castigar, pois diz o Senhor na
Sagrada Escritura: A mim é que pertence
castigar; eu é que darei a recompensa. E diz também: Se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer e se tem sede dá-lhe de
beber. Ao fazeres isso, farás com que a cara lhe arda de vergonha. Não te
deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem. (Romanos
12:9-21)
As crianças, os
adolescentes, os jovens, os adultos e os idosos desta Nação precisam escutar a
mensagem positiva do Evangelho, que nos apresenta como criação de um Deus
pessoal que nos ama e nos criou por amor e para o Seu amor. Um Deus pessoal que
é santo, perfeito, no qual não existe nenhuma sombra de maldade ou de egoísmo.
Um Deus que é justo e que é o garante dessa justiça no mundo, mas que sabendo
que todos nós não temos justiça própria, nos dá a possibilidade de
recebermos d’Ele a declaração de justos, de modo a que não vivamos
acorrentados e dominados pela nossa injustiça, pelo nosso pecado, pelo nosso
egoísmo, pela nossa maldade, pelos nossos fracassos.
Mas agora não há
condenação para os que estão unidos a Jesus Cristo. (Romanos
8:1)
O apóstolo Pedro dá disto também testemunho, acrescentando ainda as
consequências que daí advêm:
Se invocam como Pai
aquele que julga cada um conforme as suas obras sem fazer distinção de
pessoas, então tenham-lhe respeito enquanto vivem neste mundo. Saibam que foram
resgatados daquela vida inútil que tinham herdado dos antepassados. E não foi
pelo preço de coisas que desaparecem, como a prata e o ouro, mas pelo sangue
precioso de Cristo, como o de um cordeiro sem mancha nem defeito. Ele tinha sido
destinado para isso, ainda antes da criação do mundo, e manifestou-se nestes
últimos tempos para vosso bem. Por meio dele crêem em Deus, que o ressuscitou
dos mortos, e o glorificou. E assim a vossa fé e esperança estão postas em
Deus.
Aceitando a verdade,
ficaram purificados, para amarem sinceramente os irmãos na fé. Tenham pois
amor uns aos outros de todo o coração, uma vez que nasceram de novo, não de
semente corruptível, mas incorruptível, por meio da palavra de Deus, que vive
para sempre. É assim que diz a Escritura:
Todo o homem é como a erva
e toda a sua glória como a flor da erva.
A erva seca e a flor cai,
mas a palavra do Senhor
permanece para sempre.
É esta a mensagem da
boa nova que vos foi anunciada. (1 Pedro 1:17-25)
Há sentido porque Deus
é um ser pessoal, e à Sua imagem e semelhança somos pessoas. Recusamo-nos,
nessa base, a ser encarados e tratados como se fôssemos máquinas, robôs,
objectos descartáveis, números indiferenciados, um a mais na multidão. Deus
nos conhece pessoal e individualmente. Conhece-nos desde o ventre. Sabe tudo a
nosso respeito. Tudo está nu e patente diante dos Seus olhos. Perante Ele de
nada vale fingir. O fingimento só nos engana e prejudica. O conhecimento que
Deus tem a nosso respeito não nos deve intimidar, mas deve-nos provocar segurança
e deve-nos atrair a Ele, porque, sabendo tudo a nosso respeito, a Sua atitude
para connosco é de aceitação, perdão e reconciliação, desde que nós
aceitemos a Sua acção redentora a nosso favor, estejamos dispostos a abandonar
o nosso pecado, o nosso egoísmo, a nossa auto-suficiência ilusória, a nossa
presunção e arrogância de que nos bastamos a nós mesmos. De uma forma muito
clara Jesus Cristo declarou que não veio para condenar, mas para salvar. Somos
nós que nos condenamos a nós mesmos quando rejeitamos a graça de Deus para
connosco, ou seja, quando desprezamos o Seu perdão e a reabilitação que através
de Jesus Cristo Ele quer e pode realizar em nós.
João di-lo, de uma forma muito clara, no seu evangelho:
Deus amou de tal modo o
mundo que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crer não se
perca, mas tenha a vida eterna. Não foi para condenar o mundo que Deus lhe
enviou o seu Filho, mas sim para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele
não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou
no nome do Filho único de Deus.
O motivo da condenação
é este: a luz veio ao mundo, mas o mundo preferiu as trevas porque as suas
obras eram más. De facto, quem faz o mal detesta a luz e foge dela, para que as
suas más obras não sejam descobertas; mas o que pratica a verdade, aproxima-se
da luz e assim mostra publicamente que as suas obras foram feitas segundo a
vontade de Deus.” (João
3:16-21)
Há sentido porque Deus é santo. Não podemos brincar de
deus de nós mesmos. Não somos deus. Não somos nós que estabelecemos as
regras. Não somos nós o padrão. É a natureza santa de Deus que é a referência.
Aos nossos próprios olhos e aos olhos da sociedade e da cultura prevalecente
poderemos parecer muito boas pessoas, mas diante de Deus ser bom não basta, no
sentido de fazer coisas que a nós nos parecem boas. Jesus veio para que fôssemos
bons por dentro, para depois podermos viver uma vida boa segundo o critério e a
avaliação de Deus. Se nos compararmos com Deus, com a pessoa de Jesus Cristo
– Deus feito Homem, temos que confessar quão longe nos encontramos da Sua
perfeição moral. Mas a santidade não nos fala apenas de perfeição no
sentido ético e moral, fala-nos também de relacionamento, de intimidade, de
sermos próximos de Deus, de vivermos na Sua dependência, de andarmos na Sua
presença, de Lhe pertencermos, de vivermos sob o Seu domínio, de Lhe
obedecermos. O pecado não compensa. A desobediência só leva à morte. O
sentido de independência é loucura. Não nos criámos a nós mesmos. A nossa
vida depende de Deus. É nas Suas mãos que encontramos o nosso abrigo, o nosso
habitat (sobre)natural. É lá que é o nosso ninho. Para retornarmos a Deus
precisamos seguir o caminho que é Ele mesmo encarnado, como não podia deixar
de ser.
João faz eco das palavras de Jesus no evangelho que
escreveu:
“Eu sou o caminho, a
verdade e a vida”, respondeu Jesus. “Ninguém pode chegar ao Pai sem ser por
mim.” (João 14:6)
Há sentido porque Deus
é amor, porque somos amados, porque Deus nos ama, porque para Ele somos
especiais. O amor de Deus nos constrange. Quando conhecemos o dom de Deus e o próprio
Deus na pessoa de Jesus Cristo, não temos relutância em pedir-Lhe que nos
sacie a sede de sentido e propósito existencial, e Ele nos concede prontamente
o que Lhe pedimos.
Uma das coisas que mais custa ao homem no seu pecado é
reconhecer e estar disposto a pedir a Deus o que apenas Ele lhe pode conceder.
Jesus não agiu assim entre nós. Ele não teve nenhum acanhamento em pedir a
uma mulher samaritana e cuja vida não era muito recomendável, que Lhe desse água
para beber. O Criador de todas as coisas, o Soberano Senhor de todo o Universo,
o Autor da Vida, o Santo, o Omnipotente, o Omnisciente, o Omnipresente que não
se apegou aos Seus direitos e encarnou, natural e espontaneamente pediu um copo
de água para matar a Sua sede. Porque teimamos nós em querer conquistar o que
Deus está disposto a dar-nos graciosamente.
É assim que João descreve este encontro singular de Jesus com esta
mulher:
Nisto, chegou uma
mulher samaritana que ia tirar água ao poço e Jesus pediu-lhe de beber. Os
seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. A mulher disse-lhe: “Mas
como é que tu, um judeu, te atreves a pedir-me água a mim que sou
samaritana?” De facto, os judeus não se davam bem com os samaritanos. “Se
tu conhecesses o que Deus tem para dar”, respondeu-lhe Jesus, “e quem é
aquele que te está a pedir água, tu é que lhe pedirias e ele dava-te água
viva.” (João
4:7-10)
Há sentido porque Deus
é justo. O bem e o mal não são uma questão de escolha ou de opinião humana.
O bem está vertido na natureza divina. Quando o sentido da existência humana
em Deus é abolido, esquecido, negligenciado, pervertido, o homem pensa que pode
fazer o que quer e que não terá de prestar contas diante de um Juiz isento e
absolutamente justo. De modo algum. O juízo final terá lugar! É impossível
que os crimes cometidos contra a humanidade não sejam um dia julgados. A prepotência,
a malignidade, o demoníaco, toda a injustiça terá de confrontar-se com a
justiça divina. Mas diante da justiça de Deus todos nós nos encontramos em
maus lençóis. Não há um justo nem um sequer. Apesar de os vários graus de
maldade poderem ter um grau diferente de castigo, a separação eterna de Deus
será sempre algo de terrível. No entanto ninguém será condenado por causa
dos pecados que cometeu ou por causa da sua natureza pecaminosa, mas pela rejeição
do perdão que a morte de Jesus nos proporcionou e proporciona. Essa ingratidão
e impenitência do homem é que o manterão na situação de condenado.
Há sentido porque Deus fala, comunica-se connosco, diz-nos o que por nós
mesmos nunca alcançaríamos. Toda a tentativa do homem de construir Deus está
condenada ao fracasso, à ilusão. Ou Deus se revelava a Si mesmo ou permaneceríamos
na ignorância e no engano. Mas Deus revelou-se na natureza, na revelação
escrita que está ao alcance da nossa mão e da nossa mente e coração, na Bíblia.
Ouça Deus. Reflicta no que Deus diz. Leia a Bíblia. E o personagem principal
de toda a Bíblia é Jesus Cristo. Se tirarmos Jesus à Bíblia deixamos de ter
Bíblia. É para Ele que toda a revelação escrita converge, porque Ele é o
“Logos”, o “Verbo” divino, Aquele que comunica e expressa Deus para nós,
à nossa dimensão, embora incomparavelmente maior do que nós.
O escritor da carta aos Hebreus, logo na introdução das suas palavras,
declara abertamente:
Nos tempos antigos,
Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados pelos
profetas. Mas agora, que o fim está perto, falou-nos por meio do Seu Filho. Foi
por meio dele que Deus criou o Universo e a ele destinou como herança todas as
coisas. Ele é o reflexo da glória de Deus e a imagem perfeita da sua pessoa.
É ele que sustenta o Universo pela sua palavra poderosa. Depois de ter
purificado os homens dos seus pecados, ele tomou o seu lugar no trono celeste à
direita da majestade divina. (Hebreus
1:1-3)
Há sentido porque Deus
se fez à nossa imagem e semelhança. Não somos uma criação de segunda. O
nosso problema não é de fabrico. Perdemo-nos e continuamos a perdermo-nos
quando queremos viver à nossa maneira, quando fazemos do bem e do mal uma questão
de opinião e preferência pessoal, quando não percebemos que fomos criados
para vivermos na intimidade do relacionamento com Deus e uns com os outros.
Há sentido porque Deus viveu entre nós esse mesmo sentido. A vida de
Jesus está carregada de sentido, de propósito, de desígnio até às últimas
instâncias. Ao lermos os registos da vida de Jesus entre nós, imediatamente
compreendemos que a Sua vida foi vivida na plenitude. Cada momento, cada
segundo, cada relacionamento estava carregado de sentido. Ele viveu para os
outros, para os Seus apóstolos e discípulos, para as multidões, para os
necessitados, para os marginalizados e abandonados, para os pecadores. Acima de
tudo Ele viveu em permanente e absoluta intimidade com o Seu Pai e na unção
contínua do Espírito Santo. A vida de Jesus entre nós é o modelo do plano de
Deus para toda a humanidade. A vida é para ser vivida em sintonia com Deus. A
encarnação de Jesus não interrompeu o relacionamento pleno da Trindade desde
a eternidade.
Há sentido porque Ele morreu na cruz. A cruz reúne a justiça e o amor
de Deus. Deus nos reconcilia com Ele por causa do Seu amor sem pôr em causa a
Sua justiça. O problema do homem é que não reconhece nem aceita a gravidade
do seu problema com Deus. O pecado do homem é de uma gravidade tal que só Deus
o pode sanar. O pecado não pode ser confundido com os pecados que dele
resultam. O pecado prende-se com a natureza do homem que em termos espirituais
ficou totalmente danificada. Os pecados são os resultados visíveis, no
comportamento humano, dessa corrupção geral da sua natureza. O Evangelho visa
a nossa essência. É aí que Deus realiza a transformação de
que precisamos. Mediante Jesus Cristo somos feitos uma nova criação,
nascemos de Deus e tornamo-nos Seus filhos. Algumas pessoas raciocinam mais ou
menos nesta base: se os meus pecados não são suficientes para me condenar à
cadeia, como podem condenar-me ao inferno? Só que se esquecem que o inferno é
a condição eterna do homem separado de Deus, e o resultado da separação de
Deus é o pecado e os pecados. Essa separação só é resolvida e alterada para
comunhão e intimidade, amizade e filiação, através de Jesus Cristo. O
inferno é a condição final do homem sem Deus.
Há sentido porque Jesus ressuscitou e está vivo. A cruz está vazia. O
sepulcro está vazio. Jesus venceu a morte. Jesus venceu a inimizade. Jesus
rompeu com a penalidade do pecado. Jesus triunfou sobre o inferno. Deus
determinou as consequências do pecado, aplicou essas consequências ao longo da
História e por causa da Sua graça e misericórdia nunca permitiu que elas
extravasassem certos limites que comprometeriam a sobrevivência da humanidade,
e quando chegou o momento por Ele determinado desde a eternidade, assumiu sobre
Si mesmo essas consequências. A Sua justiça não foi comprometida e foi
satisfeita. O Seu amor prevaleceu, a graça tornou-se manifesta e a misericórdia
triunfou do juízo. Hoje só não é salvo quem não quer. Hoje só não vive
com Deus quem se recusa a tal. Na eternidade só não estará com Deus quem se
manteve renitente em relação ao Seu amor e justiça. Deus sabe como irá
tratar com todos os que não ouviram a mensagem da Páscoa. A questão não está
em relação aos que não escutaram, mas àqueles que escutando-a não lhe
prestaram atenção, a ignoraram, a calcaram aos pés, desdenharam dela,
ridicularizaram a sabedoria divina e a Sua graça para connosco. Essa é a
desgraça de quem recusa a graça.
Quero recordar-vos, irmãos,
a boa nova que vos anunciei, a qual também acolheram e na qual se têm mantido
firmes. É ela que vos há-de salvar, se lhe forem fiéis, tal como eu vo-la
comuniquei. A não ser que a vossa fé tenha sido em vão!
Em primeiro lugar,
transmiti-vos aquilo que eu próprio tinha recebido: Cristo morreu pelos nossos
pecados, conforme o que está na Sagrada Escritura. Foi sepultado e, no terceiro
dia, ressuscitou, como também está na Sagrada Escritura. Apareceu a Pedro e, a
seguir, ao grupo dos doze. Apareceu depois a mais de quinhentos irmãos de uma só
vez. A maior parte deles ainda vive, mas alguns já morreram. Apareceu depois a
Há sentido porque Jesus
prometeu estar connosco todos os dias até à consumação dos séculos.
Enquanto aqui vivemos, como filhos de Deus, temos problemas, aflições, lutas,
dificuldades, dores e sofrimento, algumas vezes doença e enfrentamos a morte.
Mas Jesus deixou-nos a promessa de que nunca nos deixaria. Aqui e agora vivemos
em fé. Confiamos e crescemos a cada dia na confiança em Deus. Fé é isto
mesmo: uma confiança inabalável e incondicional em Deus. Jesus merece-nos toda
a confiança. Ele nos amou até às últimas instâncias.
Mateus registou as palavras desta promessa de Jesus antes de partir físicamente:
Então Jesus
aproximou-se deles e declarou: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra.
Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos.
Baptizem-nos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a
obedecer a tudo quanto eu tenho mandado. E saibam que estarei convosco até ao
fim dos tempos.” (Mateus
28:18-20)
Há sentido porque nos
prometeu que nos ia preparar um lugar para estarmos com Ele por toda a
eternidade. Olhamos o futuro com esperança. Sabemos que a morte não terá a última
palavra. Não é a selecção natural que dita as regras, não são os bancos
mundiais nem as multinacionais, não é a bomba atómica ou as armas químicas e
biológicas. A palavra final, como a primeira palavra, é de Deus. A Sua palavra
rege o Universo e a História.
O Evangelho escrito por João dá disso registo, entre muitos outros
relatos que temos ao longo de todo o Novo Testamento:
Jesus disse depois aos
seus discípulos: “Uma vez que têm fé em Deus, tenham também fé em mim! Na
casa de meu Pai há muitos lugares; se assim não fosse, ter-vos-ia dito que vou
preparar-vos um lugar? Eu vou à vossa frente para vos preparar lugar. E depois
de vos ir preparar um lugar, hei-de voltar para
vos levar para junto de mim, de modo que estejam onde eu estiver. (João
14:1-3)
Há sentido porque Jesus
nos garantiu que um dia destes vai voltar para nos levar para Ele. Aguardamos
com expectativa a iminente segunda vinda de
Jesus. Ele voltará em glória para os Seus.
Há sentido porque enviou para nós o Consolador, o Seu Espírito. Deus
aprecia de tal forma a companhia e o relacionamento com o Homem que faz dele a
morada do Seu Espírito. Nós somos o templo em que Ele quer habitar. Quando
aceitamos a Jesus Ele passa a morar connosco e em nós pelo Seu Santo Espírito.
Esta é a declaração de
Não sabem que não
pertencem cada um a si mesmo, mas que o vosso corpo é templo do Espírito Santo
que receberam de Deus e que habita no vosso interior? (1
Coríntios 7:19)
Não há nada que nos
possa impedir de viver segundo o plano e o propósito que Deus tem para nós.
Podemos ser reconciliados com esse desígnio. Podemos recuperar a nossa
identidade e o nosso valor. Podemos ser reabilitados. Podemos ser consertados.
Nem os genes, nem os astros, nem os fados, nem o destino cego, nem a
educação, nem a família, nem as nossas deficiências físicas, emocionais,
afectivas ou outras quaisquer nos podem separar do que Deus tem determinado a
nosso respeito. Apenas a nossa própria vontade nos pode manter separados de
Deus. Nem o próprio pecado nos pode manter longe de Deus, porque em Jesus temos
perdão e reconciliação. Quando reconhecemos a nossa falência e incapacidade
de vivermos por nós próprios e nos voltamos para Deus em Jesus Cristo,
recebemos perdão e restauração. Nascemos de novo. Somos feitos uma criação
nova. Passamos a ter uma nova identidade. Recebemos de Deus uma nova natureza.
O facto é que todos queremos ser felizes e isto porque na
verdade fomos criados para ser felizes.
No entanto a felicidade não é o ponto de partida, mas o ponto de
chegada de uma vida vivida a partir de motivações e prioridades bem escolhidas
e definidas.
A felicidade não se alimenta de egoísmo, mas precisamente do contrário,
do altruísmo, da bondade, da generosidade, do serviço aos outros, do amor.
A felicidade brota do perdão e não da amargura e da sede de vingança.
A felicidade existe em função e como fruto do amor. Quando somos amados
somos felizes, mesmo quando as lágrimas correm pelas nossas faces.
É por isso que a nossa felicidade profunda e duradoura depende do nosso
relacionamento com Deus.
Em primeiro lugar Deus é o único ser que nos ama verdadeiramente. Deus
é amor e Deus amou de tal forma a humanidade, ou seja, a mim e a si, que se deu
a Si mesmo na pessoa do Filho – Jesus Cristo, para que todos os que confiam
n’Ele, dependem d’Ele, obedecem a Ele e andam com Ele, têm intimidade com
Ele, não vivam angustiados, desesperados, infelizes e nesse labirinto se
percam, mas possam usufruir de vida eterna, vida abundante e que permanece.
Em segundo lugar, no Seu amor e pelo Seu amor Deus nos traz perdão e nos
concede perdão, qualquer que seja o nosso erro, a nossa falha, o nosso pecado.
Deus é um Deus que perdoa e perdoando-nos nos convoca a que sejamos também
perdoadores. A culpa destrói todo o sentido de felicidade. Não é possível
ser feliz onde a culpa reina. A culpa produz tormento. O perdão, pelo contrário
traz alívio, descanso, bem-estar, conforto e realização. Sentimo-nos bem
connosco e com Deus quando somos agentes de perdão.
Em terceiro lugar Jesus Cristo, como Deus entre nós, não veio para ser
servido mas para servir. Esta é uma das qualidades distintas do Deus que a Bíblia
nos apresenta e Jesus Cristo manifestou pessoalmente entre nós. Para nós a
imagem de Deus é capaz de ser a de um déspota com uma multidão de escravos,
de servos à sua disposição. Alguns poderão pensar que Deus existe para ser
servido e criou-nos para que o sirvamos. Mas não é bem assim. Antes de tudo o
mais Deus criou-nos para nos servir com toda a criação que colocou à nossa
disposição. O apóstolo
Muitos outros aspectos nós poderíamos considerar à luz da vida de
Jesus como determinantes e essenciais da nossa felicidade, mas estes são
suficientes. Somos felizes quando tomamos consciência de que somos amados,
perdoados e servidos por Deus. Somos felizes quando com base nessa consciência
e transformados por ela, passamos a amar, a perdoar e a servir. Então, não
apenas nós mudamos, mas também as pessoas e as circunstâncias à nossa volta
sofrem uma mudança radical.
É preciso que crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos ouçam
que nada, absolutamente nada, nos pode manter separados de Deus. Os vícios
podem ser vencidos, os fracassos podem ser ultrapassados, os medos podem ser
banidos, as potestades do mal já foram derrotadas. Por Jesus somos feitos mais
do que vencedores!
Uma geração prisioneira do prazer a
qualquer preço, dependente das drogas, do álcool, do sexo, da indiferença e
do vazio, precisa descobrir em Jesus uma vida que vale a pena ser vivida não
apenas no tempo, mas por toda a eternidade.
Celebrar a vida em Jesus Cristo, vida com abundância, vida eterna – a
vida de Deus!
Não somos filhos do acaso!
Somos criação de Deus e
Seja e viva como um filho de Deus!
Senhor,
tu examinaste-me e conheces-me.
Conheces
todos os meus movimentos;
à
distância, sabes os meus pensamentos.
Vês-me
quando trabalho e quando descanso;
conheces
todas as minhas acções.
Mesmo
antes de eu falar,
já
tu sabes o que vou dizer.
Tu
estás à minha volta por todo o lado;
proteges-me
com o teu poder.
O
teu conhecimento a meu respeito é muito profundo;
está
para além da minha compreensão.
Onde
poderia eu ir, para escapar a ti?
Para
onde poderia fugir da tua presença?
Se
subisse ao céu, lá estarias;
se
descesse ao mundo dos mortos, lá estarias também.
Se
eu voasse para além do oriente
ou
fosse habitar nos lugares mais distantes do ocidente,
também
lá a tua mão desceria sobre mim,
lá
estarias para me segurar!
Se
eu pedisse à escuridão para me esconder
ou
à luz para se transformar em noite à minha volta,
a
escuridão não me ocultaria de ti
e
a noite seria para ti tão brilhante como o dia.
Para
ti a escuridão e a luz são a mesma coisa.
Foste
tu que formaste todo o meu ser;
formaste-me
no ventre de minha mãe.
Louvo-te,
ó Altíssimo, porque és terrível,
fico
maravilhado com os teus prodígios.
Conheces
intimamente o meu ser.
Quando
os meus ossos estavam a ser formados,
sem
que ninguém o pudesse ver;
quando
eu me desenvolvia em segredo,
nada
disso te escapava.
Tu
viste-me antes de eu estar formado.
Tudo
isso estava escrito no teu livro;
tinhas
assinalado todos os dias da minha vida,
antes
de qualquer deles existir.
Mas
para mim, que profundos são os teus pensamentos, ó Deus!
Que
misterioso é o seu conteúdo.
Se
eu quisesse contar, seriam mais do que a areia;
e
se pudesse chegar ao fim, ainda estaria contigo.
Ó
Deus, tira a vida aos que fazem o mal,
afasta
de mim os assassinos.
Eles
falam maldosamente contra ti;
os
teus inimigos dizem mal de ti.
Ó
Senhor, como eu odeio aqueles que te odeiam!
Como
eu desprezo os que se voltam contra ti!
Odeio-os
com toda a minha alma!
Considero-os
meus inimigos!
Examina-me,
ó Deus, e conhece o meu coração;
põe-me
à prova e conhece os meus pensamentos.
Vê
se eu sigo pelo caminho do mal
e
guia-me pelo teu caminho, ó Deus eterno.
Salmo 139
Bendito seja Deus, Pai
de nosso Senhor Jesus, que nos encheu de bênçãos espirituais em Cristo, nos céus.
Pois, antes de o mundo
existir, ele escolheu-nos para juntamente com Cristo sermos santos e irrepreensíveis
e vivermos diante dele